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Tela em excesso: como isso afeta desenvolvimento das crianças?

  • Créditos/Foto:DepositPhotos
  • 01/Agosto/2024
  • Bianca Bellucci, com assessoria

É fato que as crianças e os adolescentes estão cada vez mais expostos às tecnologias, seja por meio do celular, seja via tablet, computador ou até mesmo a televisão. Essa relação pode trazer benefícios educativos ou à saúde. Porém, o exagero desde cedo pode ser problemático, trazendo um alerta aos familiares.

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A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças menores de 2 anos de idade não devem ser expostas a telas, enquanto crianças entre 2 e 5 anos devem ter o tempo de tela máximo de uma hora por dia. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS), também orienta limites no tempo de uso para crianças de 6 a 10 anos, com no máximo duas horas por dia, e crianças acima dos 11, recomendados a ficarem na tela por no máximo três horas diárias.

De acordo com o estudo, que faz parte do projeto Primeira Infância Para Adultos Saudáveis (PIPA), e realizado pelo Ministério da Saúde e pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal, um terço das crianças brasileiras de até 5 anos ficam mais de duas horas em telas diariamente. Crianças entre 0 e 59 meses foram analisadas para a pesquisa. Os dados foram coletados em 2022 e os resultados publicados em 2023.

Riscos cerebrais do tempo de tela em excesso

São diversos riscos médicos que o tempo de tela em excesso pode causar. A neurocirurgiã Danielle de Lara, que atua no Hospital Santa Isabel (Blumenau-SC), destaca que entre os principais problemas estão problemas físicos, por conta da diminuição de exercícios e uma alimentação menos saudável, e problemas de visão.

Riscos ligados ao cérebro também são apresentados em decorrência do uso descontrolado dos aparelhos. “O longo tempo de tela das crianças e dos adolescentes é um motivo que afeta o desenvolvimento cerebral. Alguns estudos já mostraram que passar muitas horas na frente do display afeta negativamente a atenção, a concentração, a aprendizagem e a memória. Outros aspectos que sofrem impactos são vistos na regulação emocional, no funcionamento social, na saúde física e no desenvolvimento de distúrbios mentais, por exemplo”, detalha a especialista.

Segundo a médica, usar os aparelhos eletrônicos leva a liberação de dopamina, que desperta uma sensação de prazer e motivação. No entanto, muito tempo de tela gera um uso excessivo de dopamina, causando o vício e a dependência. “A dopamina é um neurotransmissor que atua no sistema de recompensa, criando um bom sentimento e estimulando a repetição do comportamento. Porém, quando liberamos dopamina em excesso, eles se tornam menos responsivos, necessitando cada vez mais de estímulos para experimentar o prazer”, explica.

Mas, afinal, o que fazer para diminuir o uso de telas? 

Para evitar futuros problemas que podem ser causados por conta do tempo de tela em excesso, os responsáveis podem impor limites de maneira educativa às crianças. Danielle não indica a retirada “brusca e agressiva”, pois isso também podem gerar efeitos. “Quando as crianças estão com alta dose de dopamina ao estar em frente à tela, e os responsáveis tiram o aparelho, o natural é um aumento no nível de cortisol, responsável por nos colocar em um estado de luta ou fuga, mas que pode gerar o estresse. Em uma situação sem risco, este estresse é gerado, colocando a criança em uma situação de luta, e tornando-a mais agressiva e reativa”, afirma.

Para evitar essas situações, alguns mecanismos funcionam para interromper o uso dos eletrônicos sem maiores impactos. Confira alguns exemplos de como facilitar essa intervenção:

  1. Uso estruturado das telas: com a tela incluída na rotina, com horário e tempo de uso limitados, a criança já sabe o limite imposto, e tem o conhecimento de quando ligar e desligar. Esse processo deve ser supervisionado pelo responsável.
  2. Boas escolhas: não é só o tempo de uso que impacta a saúde da criança, o que ela assiste também importa. Portanto, é importante que os responsáveis disponibilizem jogos e filmes com fins educativos, conteúdos em outras línguas, com o intuito de estimularem o desenvolvimento cognitivo.
  3. Ajudar na hora de desligar: os responsáveis também podem atuar reforçando os combinados de tempo, avisando quando faltam 15, 10 ou 5 minutos para o momento de desligar. Isso ajuda o cérebro a se desconectar aos poucos do mundo digital e não de maneira inesperada.