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5G: o que é e quais são as principais mudanças com essa tecnologia

*Por Ricardo Girnis Tombi // A tecnologia móvel 5G foi desenvolvida com a cooperação entre muitas empresas e organizações em todo o mundo, por meio de um grupo importante de padronização chamado 3GPP.

É a quinta geração de comunicação celular móvel e o mais novo e atual padrão global para comunicações sem fio. A tecnologia móvel 5G abrange um novo tipo de rede, projetada para conectar praticamente tudo e todos, incluindo máquinas, objetos e os mais diversos dispositivos, que chamamos agora smart devices (de relógios inteligentes a robôs industriais), e não apenas os tradicionais aparelhos celulares e smartphones.

Basicamente, a tecnologia 3G viabilizou a utilização do tráfego de dados, além da voz, por meio do serviço celular móvel, e então o 4G consolidou a era da banda larga móvel.

Mas, afinal de contas, o que vai mudar com o 5G?

A introdução do novo padrão possibilita um grande avanço com relação ao aumento da largura de banda e, consequentemente, à velocidade de transmissão, com maior confiabilidade, mais usuários simultâneos e, principalmente, baixas latências, o que possibilita um enorme potencial para novos serviços sem fio de valor agregado.

As tecnologias móveis utilizam ondas de rádio, em certas faixas de frequência, para comunicação e são dependentes delas para carregar nossas informações.

As faixas que a tecnologia móvel 5G utiliza permitem mais espaço para informações e usuários simultaneamente. Isso é importante, pois percebemos que a demanda de tráfego de dados vem crescendo em torno de 60% ao ano, devido às aplicações e aos serviços atuais, como as mídias sociais, os serviços de streaming, comércio eletrônico e tudo o que fazemos on-line.

Um detalhe importante é que o 5G pode chegar a 10 Gbps, isto é, cem vezes mais rápido que o 4G.

Por exemplo, se estivermos fazendo download de um filme em alta definição, teremos um tempo de 35 minutos, em média, numa rede 4G. Se estivermos utilizando o 5G, serão apenas 20 segundos.

Há diversos desafios para o desenho da tecnologia 5G, tendo em vista o suporte para o fornecimento de serviços do futuro, tais como:

  • banda larga móvel melhorada e acesso à internet de alta largura de banda, adequados para navegação na web, streaming de vídeos e realidade virtual,
  • comunicação confiável de baixa latência com serviços para dispositivos sensíveis à latência, tais como as aplicações de automação industrial,
  • direção autônoma de veículos,
  • cirurgia remota,
  • e comunicação massiva entre máquinas oferecendo suporte a um número muito grande de dispositivos, em áreas restritas ou mais abrangentes, como nos diferentes casos de uso da Internet das Coisas (IoT).

Todos serão beneficiados?

Acredito que toda a população e todos os setores serão potencialmente beneficiados com a tecnologia móvel 5G em pleno funcionamento.

Essa tecnologia é extremamente importante para serviços em tempo real, nos quais a comunicação e os controles devem chegar imediatamente ao destino, como transmissões de vídeo e voz em tempo real, controle remoto de carros, drones, robôs, sistemas de alarme e emergência, jogos em ambientes de nuvem, entre outros.

Um dos principais setores impactados deve ser o automotivo, incluindo os veículos com requisitos de direção autônoma, direção remota e segurança, possibilitando uma engenharia de tráfego mais otimizada, com menores níveis de congestionamento e taxa de acidentes.

Outro setor é o da indústria 4.0, que pode ser chamada de smart factories, que deve intensificar a troca de dados entre máquinas, instalações, plantas industriais, humanos, sensores e robôs, permitindo melhorar a eficiência produtiva e o desenvolvimento de uma logística cada vez mais inteligente.

Os projetos de cidades inteligentes, em conjunto com sistemas de análise de dados, poderão beneficiar-se com a implementação da IoT massiva, com bilhões de dispositivos conectados, fornecendo em tempo real informações úteis aos sistemas de tomadas de decisões nas operações do cotidiano das cidades, que podem incluir elementos e mecanismos de inteligência artificial no contexto.

O destaque também é o setor da Saúde, por meio da alavancagem da medicina móvel, a distância, que vai permitir a inclusão de áreas rurais mais remotas, além das áreas urbanas. Agronegócio, mineração e extração de petróleo também são setores que poderão ser beneficiados.

Entretanto essas formas de utilização e seus potenciais benefícios dependem da disponibilização da infraestrutura pelas operadoras de telecom, que idealmente deve cobrir todo o território nacional, e de outros atores, como desenvolvedores dos serviços que farão uso das novas redes que estarão disponíveis.

No entanto, para a tecnologia móvel 5G chegar a todos os setores e cidadãos, deve levar algum tempo, visto que o leilão aconteceu recentemente, em novembro de 2021, e a finalização da instalação de toda a infraestrutura não deve ocorrer ao mesmo tempo em todo o território nacional.

Nas grandes capitais, esse processo deve ser mais rápido, com previsão de funcionamento ainda em 2022.

Com relação aos custos, acredito que será necessária uma infraestrutura competente para a operação do 5G, composta por equipamentos de transmissão, antenas, servidores, redes de fibra óptica para a vazão dos dados, entre outros elementos. Uma estimativa sobre o investimento é difícil, entretanto pode-se observar o que ocorre em outras regiões do planeta, onde os valores são da ordem de dezenas de bilhões de dólares.

Na época do leilão, o valor de investimento que estava sendo previsto no Brasil era de até R$ 163 bilhões na infraestrutura. Para o usuário final, ainda não há definição de preços, pois as operadoras levarão algum tempo para começar a operação. O que se observa em outros países é que o pacote ilimitado fica mais caro, comparado com o 4G, em que as diferenças variam de 5 a 72 dólares por mês.

Outros modelos de pacote podem ser diferenciados e se tornam mais custosos no 5G. Por enquanto, os valores estimados por aqui chegam a até R$ 250 mensais.

*Ricardo Girnis Tombi é engenheiro elétrico, coordenador do curso de Pós-Graduação em Infraestrutura de Redes Nuvem e Segurança para TI do Instituto Mauá de Tecnologia (IMT), embaixador da ONF – Open Networking Foundation no Brasil, e consultor pesquisador na RNP.