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Sistema ‘faz-tudo’ não é o melhor para lidar com processos variados e complexos

  • Créditos/Foto:DepositPhotos
  • 04/Abril/2023
  • Da Redação, com assessoria

*Por André Ng // O Banco Central Brasileiro tem usado ostensivamente o principal remédio que tem em mãos contra o aumento da inflação: a taxa de juros. A Selic se afirma na casa dos dois dígitos e alcança 13,75% – maior valor desde janeiro de 2017.

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O resultado mais óbvio desse quadro para o ecossistema financeiro é senso comum: um ganho de atratividade de investimentos em renda fixa em detrimento dos de renda variável. Recentemente em 2022, ano eleitoral marcado por uma instabilidade econômica global acima da média, se destaca um velho conhecido do investidor brasileiro, a volatilidade, que também contribui para o aumento da atratividade de opções mais previsíveis e estáveis, como a renda fixa.

Investidores experientes sabem, porém, que suas carteiras não são compostas por decisões mutuamente excludentes. A boa estratégia passa pela diversificação, pela combinação de opções de renda fixa e de renda variável. Familiarizado ao risco elevado, o ecossistema financeiro tem sido cada vez mais inventivo e tornando-se cada vez mais amplo, revelando um ganho de maturidade impressionante por parte dos investidores nos últimos anos. O resultado? A reação imediata do mercado de tecnologia, que precisa desenvolver soluções e modalidades de investimento cada vez mais sofisticadas, como o universo de aplicações financeiras inauguradas pela possibilidade de tokenização de ativos.

Mas como a tecnologia permite a otimização e a diversificação de aplicações tradicionais, como renda variável e fixa, citada anteriormente? Parece óbvio dizer que toda solução precisa oferecer os recursos e as ferramentas mais apropriadas para cada modalidade de investimento. O futuro é, então, dos “superssistemas”?

É isso que me proponho a elucidar neste artigo.

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Muitas pessoas podem concluir que quanto mais diversos forem os investimentos de uma instituição financeira, mais robusto precisará ser seu sistema, mas a lógica habitual é mais simples e dura do que isso: pensando em mercado, há uma percepção geral do cliente de que se ele contratar todos os recursos de que precisa, de um mesmo lugar, num mesmo sistema, vai poder pagar mais barato. É isso que o conduzirá a sistemas “faz-tudo”, sem se atentar ao mais importante – os processos. Ou seja, as exigências individuais de cada modalidade de investimento, de cada etapa do ciclo da aplicação.

E se identificar esses processos por si só pode ser bastante desafiador, a dificuldade vivida por boas empresas de tecnologia hoje é formar pessoas que estejam, em primeiro lugar, preocupadas com esses processos. Ou seja, desenvolvedores que não entendam só de tecnologia mas dos principais processos em prática no mercado, que fujam da mentalidade da gambiarra. A falta de maturidade, por parte de ambos os mercados (o financeiro e o de tecnologia), muitas vezes reflete o estereótipo do “brasileiro que não lê manual”. A dificuldade exige mudanças de mentalidade – por parte das empresas de tecnologia, que ao invés de quererem desenvolver tudo, precisam ganhar maturidade na construção de processos – e também por parte do ecossistema financeiro, que deve identificar quais são esses processos individuais sobre os quais a tecnologia lhes pode ser muito útil.

Na prática, os profissionais precisam se perguntar: “Qual sistema é o melhor na gestão de ativo e passivo? E qual é melhor para gestão de risco?”, e repetir essa pergunta para cada processo que lhe for fundamental. Falar num único sistema, no geral, não é uma ideia muito interessante. Depois, levando em conta de cada sistema o que ele faz e faz bem, cabe aos desenvolvedores fazer a integração, permitir que os sistemas comuniquem, oferecendo aos usuários um leque de ferramentas de ponta para cada necessidade.

Mas engana-se quem aposta nos sistemas “faz-tudo”, que, seguindo esse raciocínio, não faz muito sentido. Que cliente gosta de ficar dependente de um único sistema para pacificar múltiplos processos? Por exemplo: você está com um problema X na gestão de risco, e então surge um problema Y, mais urgente, no controle de passivo. Imagine ter que aguardar a solução do problema X para poder resolver Y, sendo que as duas coisas são independentes. Por uma questão de mera falta de discernimento entre processos, o atendimento e o senso de urgência podem acabar sendo prejudicados.

A extensão e as atribuições de cada sistema devem refletir a necessidade de cada usuário, consideradas suas principais demandas e oportunidades de otimização. E há soluções que oferecem não apenas funcionalidades-base e módulos diversos, como também dialoga com diversos sistemas e plataformas de uso corrente no mercado.

Não basta oferecer tecnologia ao mercado. É preciso fazer isso com personalidade, considerando caso a caso os principais processos em voga, abastecidos da experiência necessária para resolvê-los. Para cada demanda, há uma solução.

*André Ng é professor dos laboratórios de Risco de Mercado e de Finanças Internacionais do Insper, e Partner da VORASYS, adquirida recentemente pela INVESTTOOLS, ambas empresas de desenvolvimento de software para o ecossistema financeiro.

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