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Lensa: uso do app pode custar muito mais que os R$ 10,90 cobrados

  • Créditos/Foto:DepositPhotos
  • 08/Dezembro/2022
  • Da Redação, com assessoria

As redes sociais de famosos e anônimos bombaram na última semana com os avatares criados pelo aplicativo Lensa, que usa a Inteligência Artificial (IA) para recriar fotos em desenhos realistas. O programa conta com mais de 10 milhões de downloads, sendo que são cobrados de R$ 10,90 a R$ 22,90 por pacotes que variam de 50 a 200 imagens. No entanto, o usuário não sabe quanto, de fato, custa sua imagem.

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Segundo a CEO da Cubo Comunicação e especialista em marketing, Carolina Fernandes, para falar sobre o real custo do aplicativo, é importante relembrar sua origem. “Poucas pessoas se lembram, mas em 2016, um app chamado Prisma viralizou com tecnologia parecida. Porém, o serviço era gratuito e serviu de aprendizado para o Lensa – que hoje é bem mais eficiente e pago. É uma ótima maneira de captar dados relevantes e limpos, uma vez que o usuário precisa cadastrar um cartão de crédito com informações atreladas ao seu CPF, por exemplo”, explica.

Para a especialista, o valor que o usuário deixa é irrisório para o tanto que o Lensa ganha com as imagens, fazendo com que essa relação de venda seja aquém do que deveria. “Primeiro porque o material não é do usuário, é uma propriedade do aplicativo e a pessoa apenas ganha permissão para usar. Ou seja, ela não está pagando pelo seu avatar em dinheiro, mas, sim, em dados”, observa Carolina.

Neste sentido, a sócia da DSMA Azulay e especialista em propriedade intelectual, Julia Pazos, faz um alerta para os Termos de Uso do aplicativo. “Infelizmente, ao aceitá-los, a pessoa autoriza a exploração do maior bem existente atualmente –os dados pessoais – para todos os aplicativos utilizados, em diferentes níveis de privacidade, achando que, porque o custo é baixo ou gratuito, ela está em vantagem. Mas não é bem assim”, alerta.

Segundo Julia, quando o usuário se cadastra ele concede licença irrevogável, irretratável, perpétua, global, livre de qualquer remuneração para que o Lensa possa explorar como bem entender o Conteúdo do Usuário, independentemente de incluir nome, imagem ou personalidade, suficiente para indicar a identidade do indivíduo. “Então, a pessoa não está comprando um serviço, ela está doando a propriedade intelectual atrelada a sua imagem, que é um dado pessoal para a empresa monetizar sem qualquer compensação”, pontua.

A especialista em propriedade intelectual ainda reforça que, além da monetização por meio de anúncios da empresa e de terceiros, que estudam os padrões de consumo para oferecer outros serviços, o usuário ajuda a companhia a evoluir exponencialmente o aprendizado da Inteligência Artificial. “Quanto mais dados o aplicativo absorve, mais preciso ele fica na geração das imagens. E esse tipo de processo custaria muito caro para o Lensa sem a viralização”, conclui.

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