Open banking é um termo que está sendo muito usado no setor financeiro e está ganhando os holofotes. Ele corresponde à tecnologia que permite uma gestão financeira mais personalizada que o internet banking tradicional. O usuário pode agregar os dados de vários bancos em uma única plataforma.
Na prática, é o que ocorre na hora de comprar uma linha de telefone celular. Você pode escolher livremente o aparelho que utilizará para acessar os serviços contratados de uma operadora. Ou até mesmo quando você escolhe um provedor de e-mail e usa as credenciais para se conectar a um aplicativo.
O open banking nasceu com a ideia de tornar os serviços de conta corrente e internet banking em duas escolhas distintas e independentes.
Para entender melhor como funciona o open banking e o panorama atual, o 33Giga conversou com Ricardo Taveira, CEO da Quanto, uma plataforma nacional que conecta bancos e fintechs aos seus usuários de forma ágil.
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33Giga: Como funciona o open banking na prática? Ricardo Taveira: É como se o usuário tivesse a sua disposição um internet banking multibanco. Por exemplo, ele consegue conectar sua conta corrente do banco A e seu portfólio de investimentos da corretora B à uma plataforma neutra. Sendo assim, é possível utilizar um aplicativo customizado para fazer a gestão de conta corrente e investimentos em uma única tela.
33Giga: Qualquer banco pode ser adicionado nestas plataformas ou é necessário ter uma permissão para acessar os dados? RT: Hoje, o open banking existe em três grandes níveis de acesso. O primeiro, de leitura de dados como saldo e extrato, já é possível em quase todos os bancos e depende somente da autorização do cliente. Já os outros níveis, de movimentação e contratação e abertura de conta, dependem da cooperação dos bancos.
Mas várias empresas já lançaram ou estão em processo de lançar estes níveis avançados, o que permitirá uma experiência muito intuitiva para qualquer pessoa que já fez uso, por exemplo, de login em um site utilizando suas credenciais de uma rede social. Isso porque o processo de conexão de contas no open banking será muito parecido.
33Giga: Além da facilidade de acesso, que outras vantagens o open banking trará para os usuários quando tiver todos os seus níveis em jogo? RT: A palavra-chave é escolha. O cliente poderá optar pelo melhor serviço de cada banco e acessá-los por meio do aplicativo que preferir. Isso não só trará uma redução dramática das tarifas bancárias e uma experiência de usuário feita sob medida, mas também provocará que bancos e fintechs elevem o seu nível de atendimento para poder concorrer nessa nova realidade. Afinal, trocar de banco será tão fácil como trocar de chip de celular, fazendo com que o setor realmente tenha que trabalhar para conquistar e reter clientes.
33Giga: Mas, hoje, os clientes finais não optam tanto o open banking por conta de suas funções limitadas. Então, quem de fato utiliza a tecnologia? RT: Atualmente o serviço é utilizado mais por empresas devido ao nível de tecnologia necessário para efetuar a conexão bancária. À medida que novos aplicativos apareçam, será possível que qualquer pessoa física aproveite a mesma eficiência e poder de escolha que as empresas já desfrutam.
33Giga: E qual o panorama do open banking hoje no Brasil? RT: O tema que era quase desconhecido em 2017 se tornou um dos maiores entre bancos e fintechs com a entrada do PSD2 em janeiro deste ano. Hoje, praticamente todos os players do mercado com quem conversamos já estão trabalhando na construção de APIs e definindo sua estratégia para essa nova realidade. Alguns ainda o fazem a contragosto, o que é natural dada a velocidade da mudança e a necessidade de repensar estratégias e modelos.
O maior desafio ainda será explicar essas rápidas mudanças para o usuário final. Sem contar que, com o poder da escolha e flexibilidade de acesso, também chegam os desafios de privacidade de dados e segurança de operação.
33Giga: Como você vê o futuro do open banking no Brasil e no mundo? RT: Acreditamos que o open banking poderá transformar o setor financeiro. A tecnologia mostra como uma simples mudança de como acessamos os mesmos serviços prestados há décadas podem trazer grandes impactos em tarifas, qualidade de serviço e competitividade.
No final, enxergamos o resultado do open banking não muito diferente de como enxergamos a abertura de uma economia para exportações e importações: produtos excelentes ganharão novos mercados com acesso a novos clientes, e empresas que não investem em seus produtos não resistirão à pressão da entrada de novos concorrentes. E, no meio disso tudo, é o usuário que ganha com tarifas menores e serviços melhores.
E já que o assunto é finanças, aproveite para conferir a evolução dos meios de pagamento:
A evolução dos meios de pagamento – Conchas (1500 a.C): Os animais são os meios de troca mais antigos de que se tem notícia. Por serem valiosos, vacas, carneiros, ovelhas e camelos eram geralmente aceitos como forma de pagamento. Utilizar seres vivos como moeda, no entanto, era pouco conveniente. O passo seguinte foi dado na Mesopotâmia com a substituição do uso de animais por medidas de grãos. Conchas foram usadas posteriormente na China, África, Oceania e nas Américas. | Crédito: VisualHunt
Moedas (1000 a.C): Surge na China as primeiras moedas de bronze. Em 610 a.C, as primeiras moedas feitas de metais preciosos, como ouro e prata, são utilizadas no Reino da Lídia, região ocidental da atual Turquia. | Crédito: nicholasjon via Visualhunt / CC BY-NC
Cédulas de papel (618–1600): Para evitar o uso excessivo de cobre em grandes transações comerciais, os chineses, que já haviam inventado o papel alguns séculos antes, criaram as cédulas de papel durante a dinastia Tang (618–907 d.C.). No século 13, Marco Polo e outros viajantes do ocidente levaram o conceito para a Europa. | Crédito: Visualhunt
Ouro (1816–1914): Em 1816, os ingleses adotaram o ouro como padrão monetário, sendo seguidos pelos alemães e norte-americanos em 1873. No chamado Padrão Ouro, o valor da moeda nacional é definido, legalmente, como uma quantidade fixa de ouro, evitando processos inflacionários. Este foi o primeiro sistema monetário internacional, e vigorou até a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1914. | Crédito: BullionVault via Visualhunt.com / CC BY-ND
Charge Cards (1920): Na América dos anos 1920, o número crescente de automóveis propiciava aos seus proprietários viagens cada vez mais frequentes. Não raro, estes viajantes precisavam fazer pagamentos longe dos seus domicílios bancários. Ao perceber a oportunidade, algumas lojas de departamento e redes de hotéis criaram o Charge Cards e o Charge Plates, uma espécie de avôs dos atuais cartões de débito. Ao apresentar uma pequena placa de metal que trazia o nome do estabelecimento e a identificação do cliente, era possível efetuar um pagamento no local sem a utilização de dinheiro. | Crédito: Reprodução Internet
Indústria de Cartões (1949): Um empresário chamado Fred McNamara percebeu que havia esquecido a carteira na hora de pagar a conta de um jantar (em inglês, diner). O incidente o fez pensar por que um empresário como ele não poderia ser livre para gastar o que ele de fato pudesse pagar, ao invés de ficar restrito ao dinheiro que eventualmente possuísse no bolso. Um ano depois, McNamara e um sócio reuniram 27 estabelecimentos e cerca de 200 amigos e lançaram o Diners Club Card. O sucesso da iniciativa acabou dando origem a indústria moderna de cartões. | Crédito: Visual Hunt
Caixa Eletrônico (1967): O primeiro ATM entrou em operação em uma agência do Barclays Bank, em Londres, na Inglaterra. Estava inaugurada a era dos pagamentos eletrônicos. | Crédito: garryknight via Visual Hunt / CC BY
Cartões Tarjas Magnéticas (1970): Na década de 1970, o uso de cartões com tarjas magnéticas foi padronizado, permitindo aos estabelecimentos verificar as transações eletronicamente. Este avanço reduziu substancialmente o tempo gasto em uma operação. Nos anos 1980, as redes de cartões de pagamento se tornaram globais e, pela primeira vez, foram utilizadas em conjunto com um Personal Identification Number (PIN) em um terminal Point of Sale (POS). | Crédito: frankieleon via VisualHunt / CC BY
Cashbacks e Programas de Recompensas (1986): Em 1986, a varejista Sears introduziu o cartão Discover, que oferecia aos consumidores um pequeno desconto em todas as suas compras. Assim, criou-se os sistemas de cashback e recompensas. | Crédito: Reprodução Internet
Cartões com Chip (1990): Os cartões de tarja magnética haviam sido um enorme sucesso, mas a tecnologia era especialmente vulnerável à clonagem e, com isso, o número de fraudes era crescente. O chip acrescentou ao plástico a capacidade de armazenar e processar informações, devidamente protegidos por protocolos criptográficos no próprio terminal POS, o que proporcionou um aumento considerável na segurança das transações. | Crédito: kuhnmi via Visual hunt / CC BY
E-commerce (1994): Em agosto de 1994, ocorreu a primeira compra realizada com um cartão de crédito em um site de comércio eletrônico. | Crédito: Nestlé via VisualHunt.com / CC BY-NC-ND
Carteiras Digitais (1998): Em 1998, uma startup na Califórnia chamada PayPal criou um serviço que permitia a qualquer pessoa com um e-mail se cadastrar, enviar e receber dinheiro eletronicamente de outros usuários. | Crédito: Visualhunt
Pagamento por SMS (1999): Em 1999, a Ericsson e a Telenor Mobil apresentaram a primeira solução para compra de ingressos de cinema no qual o celular atuava como um terminal de e-commerce. | Crédito: fazen via Visualhunt.com / CC BY-ND
Plataformas Móveis (2007): Em junho de 2007, ocorre o lançamento do iPhone, pela Apple. Em novembro, um consórcio liderado pelo Google lança o sistema operacional Android. O surgimento das duas plataformas abriu um grande espaço de possibilidades para os pagamentos móveis, que se tornariam o centro das atenções na década seguinte. | Crédito: Visualhunt
Internet das Coisas (2008): Pulseiras, relógios, botões, aparelhos domésticos, assistentes pessoais, veículos conectados e residências inteligentes. Todos estes objetos são atualmente capazes de oferecer experiências de compra no qual o pagamento é transparente ou pouco percebido. A cada dia, eles ganham maior espaço sobre transações realizadas com os meios de pagamento legados, como moedas de metal, notas de papel e cartões de plástico. | Crédito: Reprodução Internet
Bitcoin (2009): Em meados de 2009, uma pessoa – ou um grupo, não se sabe ao certo – usou o codinome Satoshi Nakamoto e colocou o dinheiro virtual em circulação. A primeira transação com Bitcoin ocorreu em 12 de janeiro de 2009. Nasciam as criptomoedas e as tecnologias de blockchain. | Crédito: pinguino via VisualHunt.com / CC BY
Pagamentos Autenticados Por Biometria (2014): Durante o evento de lançamento do iPhone 6, a Apple anunciou o Apple Pay, solução de pagamento móvel combinado a uma carteira digital, em parceria com a American Express, MasterCard e Visa. O sistema utiliza a tecnologia NFC para substituir cartões de crédito e débito em terminais POS habilitados para comunicação sem fio, com a adição de um segundo fator de autenticação via biometria (Touch ID), PIN ou senha. | Crédito: CJ Isherwood via VisualHunt.com / CC BY-SA
Wearables (2014): A popularização dos wearables expandiu o universo dos pagamentos móveis para muito além dos smartphones e terminais POS. Em junho de 2014, a Barclaycard lançou a pulseira de pagamentos bPay. Em setembro, a Apple anunciou que o Apple Pay estaria integrado ao recém-lançado Apple Watch. Em novembro, o smartwatch Pebble passava a disponibilizar pagamentos via PayPal. | Crédito: Divulgação