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Como é ser mulher na área de tecnologia?

Assim como profissões ligadas a tecnologia estão cada vez mais promissoras, a cada dia aumenta a presença feminina na área. O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) aponta um crescimento de 60% na representatividade feminina na área de TI nos últimos cinco anos, indo de 27,9 mil mulheres para 44,5 mil.

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No entanto, há desafios ainda impostos para mulheres na tecnologia e uma predominância de homens na área.

De acordo com Renata Costa, coordenadora dos cursos de Tecnologia da Informação (TI) do Centro Universitário Braz Cubas, apesar de se estar em pleno século XXI e haver diversos programas de incentivo às mulheres na tecnologia, ser mulher na área ainda é difícil.

Contudo, muitas mulheres na tecnologia vêm quebrando tabus.

O machismo está incorporado na sociedade e é sempre uma barreira em qualquer área, principalmente nas que são ditas masculinas, como as exatas. Desde sempre, as mulheres foram criadas para serem donas de casa e não para serem engenheiras de dados, programadoras, analistas de sistemas ou outros cargos de TI”, exemplifica.

Renata reforça que a cultura é o principal motivo de ainda ter poucas mulheres na tecnologia: o espaço público era destinado aos homens e a casa, às mulheres. Dessa maneira, não só a tecnologia, mas qualquer outra área e profissão tinha predominância masculina, como nas engenharias.

“É importante considerarmos que por muito tempo as mulheres foram incentivadas pelas famílias a casarem e terem filhos, essa era a meta familiar de ser ‘bem-sucedida’. Em outros momentos, elas tiveram abertura para se formarem em profissões ditas femininas, como serem pedagogas, psicólogas, enfermeiras, entre outras”, diz a especialista.

“Aos poucos, a sociedade está mudando e, nesse ínterim, as mulheres estão ganhando espaço no mercado de TI. Segundo o IBGE, elas representavam, em 2019, 20% da atuação no mercado de tecnologia, e mesmo com alto grau de instrução escolar, ganhavam 34% a menos que os homens”, explica a professora.

Um fator que pode impulsionar ainda mais espaços para as mulheres na tecnologia, segundo Renata, é que dados divulgados recentemente pela Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação – Brasscom apontam que 37% das vagas em TI são de atuação feminina na área.

Esse crescimento poderá ser incentivado caso, conforme a pesquisa, o cenário brasileiro não mudar em relação a falta de profissionais qualificados em tecnologia: em 2024, o país chegará a ter um déficit estimado em 260 mil profissionais, ou seja, haverá esse total de vagas disponíveis no mercado.

A professora de TI aponta ainda que existem diversos caminhos para impulsionar as mulheres na tecnologia.

“Alguns, inclusive, já acontecem dentro das empresas e no mercado em geral, por exemplo, comitês empresariais de incentivo para as mulheres participarem de processos seletivos para TI, divulgação de vagas específicas para atuação feminina, grupos de incentivos em aplicativos de comunicação, projetos governamentais, etc”, conta.

“Outro caminho que particularmente tenho mais apreço é a educação. Acredito que temas sobre tecnologia devam ser tratados logo nos primeiros anos escolares para que as meninas possam se sentir mais confortáveis e confiantes na fase adulta, podendo escolher (ou não) a tecnologia como profissão. A sororidade é outra temática que deveria fazer parte da formação continuada das mulheres. Afinal, a mudança cultural entre nós é um fator que possa vir a contribuir nesse crescente da atuação feminina em TI: ‘uma sobe e puxa a outra’”, avalia.

Na Braz Cubas, recentemente a coordenação dos cursos de TI e suas alunas criaram um grupo de mulheres na tecnologia, o TechWomanBC, com o objetivo de se apoiarem e se incentivarem na tecnologia.

Ainda existem diversas barreiras que dificultam o ingresso de mulheres no mercado.

“Uma das principais dificuldades das mulheres que atuam na área é ter que ficar provando que são boas profissionais – e acabam sendo prejudicadas pela ausência de crédito”, salienta Renata.

Para finalizar, a professora da Braz Cubas elencou algumas mulheres que fizeram história na tecnologia como forma de incentivo para ingresso na profissão.

Confira:

  • Ada Lovelace hoje é reconhecida por ter escrito o primeiro algoritmo a ser processado pela máquina analítica de Charles Babbage;
  • Irmã Mary Kenneth Keller teve muita contribuição na criação da linguagem Basic;
    Grace Hopper, a primeira mulher formada em Yale, foi uma das criadoras da linguagem Cobol (uma linguagem comercial ainda utilizada por bancos);
  • Carol Shaw, considerada a primeira mulher a trabalhar na indústria dos Games e criadora do clássico River Raid;
  • Radia Perlman, programadora, conhecida como a mãe da internet, ela criou o STP (Spanning Tree) utilizado na comunicação entre computadores. “Devemos a Radia as visitas diárias que fazemos em diversos sites, e além disso ela é uma defensora do aumento do número de mulheres no mercado da tecnologia”, pontua Renata.