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Sleeping Giants: entenda como funciona a mídia programática e como isso afeta receita de sites

  • Créditos/Foto:Negative Space no Pexels
  • 06/Agosto/2020
  • Bianca Bellucci

Sleeping Giants é um movimento que surgiu nos Estados Unidos com o objetivo de minar a sustentação econômica de sites de extrema direita. Desde 2016, o perfil no Twitter publica capturas de tela com os anúncios de grandes empresas encontrados em tais páginas, e ainda marca as companhias para alertá-las.

Em meados de maio, o movimento desembarcou no Brasil e colocou em sua mira mais de 170 nomes. Entre eles, estavam Dell, Telecine e O Boticário. Aqui, porém, a iniciativa do Sleeping Giants ganhou um novo tom: denunciar sites que disseminam fake news.

Ambos os casos levantaram questões sobre como atua e quão tendenciosa é a mídia programática, responsável por fazer a ponte entre anunciantes e veículos.

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Como funciona a mídia programática

O mecanismo de mídia programática possui duas pontas. De um lado estão os sites que querem vender espaços para anúncios. Eles costumam procurar uma agência especializada que vai cadastrar o endereço em uma plataforma de venda programática, chamada de SSP (Supply-side Platform). Hoje, o software mais conhecido da categoria pertence ao Google, o popular Google AdSense.

“A SSP vai fazer uma avaliação automatizada da parte técnica. Se ela identificar algum problema, como a audiência do site sendo inflada por chatbots, a agência é contatada, pois ela é responsável pelo problema. Caso não seja corrigido, existe a possibilidade da URL ser banida de todos sistemas que trabalham com tal publicidade”, explica Marco Godoi, CEO da R4you, empresa que faz a gestão de venda programática.

Também vale destacar que a SSP só consegue analisar o lado tecnológico. De acordo com o especialista, ainda não existe uma forma de validar se o conteúdo veiculado pelo site é tendencioso, verídico ou fake news.

Na outra ponta estão os anunciantes que querem preencher os espaços disponibilizados pelos sites. Também com ajuda de uma agência especializada, eles devem comprar publicidade programática em plataformas chamadas de DSP (Demand Side Platform). Mais uma vez é o Google que tem a ferramenta mais conhecida, o Google Display & Video 360, na sigla DV360.

Ao contratar a DSP, o anunciante e a agência podem optar por diferentes filtros para controlar em que local a propaganda será veiculada. Se nenhum for acionado na hora da compra, a disseminação será aleatória. Mas isso é controlável. “É possível fazer uma blocklist, com sites que o anúncio não deve ser exibido, ou uma wishlist, com locais que a empresa gostaria de sair. Estas soluções são simples e estão à disposição há um bom tempo”, diz Artur Pereira, fundador da companhia de mídia programática Publya e atual representante da adTech francesa SciBids no Brasil.

Mesmo se o anunciante escolher a opção sem filtro, ele tem acesso a todos os sites em que a campanha saiu e pode controlá-los, de forma rápida e fácil. Caso algum veículo não seja de seu agrado, a empresa só precisa pedir para que a agência faça o bloqueamento da compra em tal domínio.

É por causa desse total controle da situação que Artur se surpreendeu com os tweets feitos pelo perfil do Sleeping Giants Brasil. “As falhas apontadas são muito amadoras. É incrível que marcas tão grandes tenham permitido erros tão básicos. Elas precisam revisar seus processos porque a solução é muito simples”, afirma o especialista.

Artur comenta que os recursos de Brand Safety, as listas de positivação ou negativação de sites e assuntos, são a melhor forma de acertar na veiculação de anúncios. “Em 2015, gerenciei a campanha de uma grande construtora brasileira que não podia sair ao lado de reportagens sobre a Operação Lava-Jato. Nós conseguimos assegurar isso. Os recursos estão à disposição, mas precisam ser usados de forma adequada”, ressalta.

A parcialidade do Sleeping Giants

O Sleeping Giants e sua versão brasileira são vistos com bons olhos por boa parte das empresas e do público. O problema é que o movimento nasceu no meio de uma briga política. Os perfis atacam principalmente sites de extrema direita e apenas focam nesse nicho.

“Como a iniciativa no Brasil é anônima, é necessário questionar o propósito da pessoa por trás. Ela está fazendo isso em prol de algum lado da guerra política ou está cansada da disseminação incontrolável de fake news? Se a ideia é mostrar para os anunciantes e para o mercado a monetização de informações falsas, o Sleeping Giants tem que atingir tanto a extrema direita como a esquerda”, destaca Marco.

Para Artur, o movimento também deveria aproveitar a visibilidade para combater qualquer disseminação de notícia falsa. “Temos que ir contra as fake news independentemente da vertente. Existem sites que não têm relação com a política, mas que deveriam ser combatidos. E mais, o conteúdo de má qualidade, como fotos de acidentes, também deveria ser limpado da rede”, comenta.

O futuro da mídia programática

Problemas a parte, o Sleeping Giants contribuiu para que, de uma forma geral, as pessoas entendessem melhor o que é mídia programática. “Hoje, estamos passando por um momento positivo. Os internautas estão vendo que esta tecnologia democratiza a verba voltada para anúncios, permitindo que pequenos sites tenham grandes anunciantes e pequenos anunciantes estejam em grandes sites”, comenta Artur.

O especialista da SciBids ainda acredita que a mídia programática vai sair do online e invadir o offline, explorando telas encontradas em shoppings e pontos de ônibus, por exemplo. “É um caminho já seguido por outros países e no Brasil será o mesmo”, conclui.

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Já que o assunto é fake news, relembre boatos que, vez ou outra, aparecem na internet e enganam uma série de pessoas:

 

Pabllo Vittar foi longe demais: A cantora é vítima constante de boatos propagados pela internet – e, principalmente, pelo WhatsApp. A grande maioria das notas a respeito dela são absurdas. Entre as mais famosas, estavam as ligadas às eleições de 2018. Desde a afirmação de que ela sairia do Brasil se Bolsonaro vencesse até que ela se lançaria candidata. Outra que circulou muito foi que a Coca-Cola havia tido prejuízo por colocar a foto da artista em suas latas. A informação de que ela estamparia notas de reais também foi outra bem disseminada. Tudo lorota. | Crédito: Reprodução WhatsApp
Compartilhe para ajudar: Não precisa depositar dinheiro ou levantar do seu sofá para ajudar uma pessoa doente ou que sofreu algum abuso. Basta compartilhar uma publicação no Facebook que a própria rede social faz isso por você. Esse tipo de post vive pipocando pelas redes sociais. Neste exemplo, um troll usou o personagem de Hugh Jackman, em Logan, para pregar uma peça nos usuários. O mesmo vale para histórias de crianças desaparecidas e doentes. | Crédito: Reprodução Internet
Pague se quiser usar: Se você não quiser perder acesso a uma rede social, tudo o que você precisa fazer é se tornar um membro premium da plataforma. Ou seja, é necessário pagar uma taxa camarada para continuar o uso. Mas você pode driblar a nova regra ao compartilhar uma publicação em seu Facebook ou repassar o recado pelo WhatsApp. | Crédito: Reprodução Internet
Batizados em homenagem à web: Hashtag, Harlem Shake e até Facebookson. Não é incomum encontrar notícias de crianças que ganharam nomes em homenagem à internet. Embora não seja completamente improvável que exista alguém no mundo batizado com tal alcunha, a maioria das publicações compartilhadas são apenas boatos. | Crédito: Reprodução Internet
MoMo: O boato é que a MoMo, personagem de um vídeo que aparece no YouTube, ensina crianças a se matar. Sempre que a mentira volta a circular, há pânico e histeria entre pais e adultos. Mas, na prática, nunca houve um registro de alguém se suicidando por conta da personagem. Saiba mais sobre o caso em http://bit.ly/2FFG9RE. | Crédito: Reprodução Redes Sociais
Teoria da Terra Plana: A ideia não surgiu na internet, mas se popularizou rapidamente por conta dela. De acordo com os defensores dessa tolice, a Terra não é esférica, mas plana. Alguns defendem que a Bíblia dá sinais de que o planeta é achatado. Ainda de acordo com terraplanistas, a NASA esconde a verdade. Nem as centenas de fotos do espaço conseguem fazê-los "acreditar" no heliocentrismo. | Crédito: Reprodução YouTube
Coreia do Norte campeã mundial: A Coreia do Norte é vencedora da Copa do Mundo 2014. Com uma campanha perfeita, vencendo todos os jogos, o país conquistou o tão cobiçado troféu, para a alegria dos seus habitantes. Tal notícia foi divulgada pelo canal Korea News Backup, do YouTube. A ideia de que Kim Jong-un estava manipulando sua população logo se espalhou pelo mundo. Entre os jornais que divulgaram o escândalo estavam O Globo, Metro UK e The Wall Street Journal. Mas tudo não passou de uma brincadeira do site Não Salvo e seu criador Maurício Cid. | Crédito: Reprodução Internet
Seu Barriga morreu: Vale lembrar que o viral da Copa do Mundo coreana não foi o primeiro boato espalhado por Maurício Cid. Em 2012, o blogueiro divulgou que o Seu Barriga, do seriado Chaves, tinha morrido. A ideia surgiu no evento Campus Party, quando o criador do Não Salvo disse que conseguiria mostrar como uma notícia, veiculada por muitas pessoas na web, pode se tornar verdadeira em poucos minutos. | Crédito: Reprodução Internet
“Se vocês soubessem ficariam enojados...”: Se o Brasil perdeu a Copa do Mundo ou seu time favorito amarelou na final da Libertadores, é bem provável que ele tenha vendido o campeonato. E-mail clássico que começou a circular em 2002, toda vez que a população brasileira se decepciona com seus ídolos, uma nova versão é divulgada. As opções vão desde o Anderson Silva ter vendido o cinturão do UFC até o Brasil ter negociado a coroa de Miss para a organização do evento. Aqui você encontra uma coletânea deles: https://goo.gl/p9iMX8. | Crédito: Reprodução Internet
Fim do mundo: Entre tantas balelas que surgem e morrem na internet, o fim do mundo é um dos assuntos que ganha sobrevida e teorias a cada ano. Tem gente que previu o fim do mundo por asteroides em 16 de fevereiro de 2017. Já a seita religiosa eBible Fellowship fez cálculos de que o planeta Terra deixaria de existir em 7 de outubro de 2015. Embora ambos os boatos estivessem errados – claro –, isso não impede que novas histórias apareçam na web de tempos em tempos. | Crédito: x-ray delta one via VisualHunt / CC BY-NC-SA
Moto movida a água: A história de um aposentado na cidade de Itu (SP) que criou um motor que funcionava com água do Rio Tietê e fazia mais de 500 quilômetros com um litro invadiu a internet em 2015. Amplamente compartilhado e divulgado em portais de notícia, não demorou muito para investigarem a fundo o caso e descobrirem que era uma farsa. Isso porque a bateria da moto precisa ser recarregada para que o sistema funcione de fato. | Crédito: Reprodução Internet
Estátua viva de Jesus: O vídeo de uma estátua de Jesus Cristo abrindo os olhos foi compartilhado pelo YouTube. O flagra foi feito em uma igreja de Coahuila, no México, e atraiu mais de 5 milhões de visualizações. A atividade paranormal com uma trilha sonora macabra foi logo desmentida. Isso porque o vídeo dá vários indícios de ter sido manipulado. Imagens desfocadas e de baixa resolução são alguns dos exemplos. Confira a cena na íntegra em https://goo.gl/VRteIP. | Crédito: Reprodução Internet
Gatos Bonsai: Em 1999, um e-mail contava a história dos gatos que eram cultivados dentro de garrafas. O boato se espalhou de tal forma que boa parte dos internautas chegou a achar que era verdade. A mensagem dizia que, ao nascer, o animal possui ossos frágeis, por isso pode ser moldado em qualquer formato. Na época, o FBI chegou a investigar o caso a fundo, mas constatou que a história era uma farsa. | Crédito: Reprodução Internet
Tourist Guy: Meses após o ataque às Torres Gêmeas, foi compartilhada uma foto de um turista no topo do World Trade Center antes dos aviões colidirem. Os últimos minutos de vida do rapaz foram motivo de comoção pelo Brasil e mundo. A imagem até foi divulgada em grandes veículos de comunicação. Acontece que ela era falsa. Foi apenas uma brincadeira de mau gosto. O mais curioso é que um brasileiro disse que era ele na fotografia. Pegadinha do Mallandro! Era um húngaro. | Crédito: Reprodução Internet
Indenização da Apple: Um tribunal condenou a Samsung a pagar mais de US$ 1 bilhão por violar patentes da Apple. Até aí, a história é verdadeira. A mentira que se espalhou na internet dizia que a multa foi paga com moedas de US$ 0,05. Para isso, a sul-coreana teria mandado 30 caminhões carregados para a sede da maçã, onde despejou cerca de 20 bilhões delas. | Crédito: puffclinty via VisualHunt.com / CC BY-NC-SA
Terceiro seio: Uma jovem norte-americana se transformou em um viral da internet após implantar um terceiro seio e dizer que gastou US$ 20 mil na prótese. A garota foi desmascarada depois de ter sua bagagem roubada no Aeroporto Internacional de Tampa, na Flórida (EUA). Após prenderem os suspeitos, a polícia local revelou que encontrou a prótese falsa na mala. | Crédito: Reprodução Internet
Raios cósmicos afetam celulares: Um alerta da NASA dizia que durante o período da 00h30 às 3h30 de determinado dia era necessário desligar os aparelhos mobile e mantê-los longe do corpo. Isso porque os raios cósmicos iriam aumentar a radicação dos dispositivos e se tornariam prejudiciais para o ser humano. A história da carochinha começou a circular em 2008, mas teve sobrevida em 2010, 2013 e 2015. | Crédito: siraf72 via VisualHunt / CC BY
Celular pipoqueira: A radiação gerada por um celular é tão forte que é capaz de estourar um milho. Pelo menos é o que tenta comprovar um vídeo do YouTube que circula desde 2008. Nele, um grupo de amigos faz um círculo com alguns aparelhos e colocam milhos no centro da roda. Quando os telefones começam a tocar, os grãos estouram e viram pipoca. Porém, o vídeo não passa de uma brincadeira. Confira a trollagem aqui: https://goo.gl/dSAh6r. | Crédito: theglobalpanorama via Visualhunt / CC BY-SA
Brasil sem Amazônia: Desde 2000, circula pela internet uma ilustração que teria sido retirada de um livro de geografia norte-americano. Nela, a área que representa a Amazônia está marcada como um território internacionalizado. Apesar de ainda causar indignação em internautas desprevenidos, o e-mail não passa de um trote. | Crédito: Reprodução Internet
Sereia no Taiti: Esse boato surgiu em 2006 e dizia que o esqueleto de uma sereia tinha sido encontrado no Taiti, um grupo de ilhas que pertence à Polinésia Francesa. Porém, a criatura mitológica não passava de uma criação de taxidermia. Ela era metade macaco e metade peixe. Essas “sereias” existem desde 1842. Elas eram feitas nas ilhas Fiji, mas foram trazidas para os Estados Unidos para participar de uma espécie de freak show. | Crédito: Reprodução Internet
Golpe da Nigéria: Neste golpe, que se tornou popular no início dos anos 2000, o internauta recebe um e-mail de um cidadão – geralmente africano – que se diz herdeiro de uma enorme fortuna. Depois de contar uma história qualquer, ele pede para que o internauta faça um depósito em dinheiro em sua conta para ajudá-lo a desbloquear a grana. Em troca, o nigeriano dividiria com a pessoa sua herança, tão logo a tivesse em mãos. | Crédito: Reprodução Internet
Vírus que podem destruir seu PC: Nos primórdios da internet, e-mails circularam dizendo que o arquivo “jdbgmgr.exe”, que possui um ursinho como ícone, era um vírus e que deveria ser apagado imediatamente do computador. O problema é que o executável não era malicioso, mas um componente necessário do Windows. Ao deletá-lo, o PC entrava em pane. | Crédito: Drew Coffman via VisualHunt / CC BY
Tráfico de órgãos: Mais uma lenda urbana do que um boato virtual, nessa história um sujeito entra no bar, bebe umas cervejas e conhece uma garota, que o leva para sua casa. Ele só acorda no dia seguinte em uma banheira com gelo e uma cicatriz no abdome: mais uma vítima do tráfico de órgãos. Tal rumor começou a ser espalhado por e-mail e ainda é possível encontrá-lo em correntes por WhatsApp e Facebook. | Crédito: r.campana via Visualhunt.com / CC BY-NC
Laranjas com HIV: Um lote de laranjas vindas da Líbia estavam contaminadas com o vírus da AIDS. Quem ingerisse a fruta iria contrair a doença. Para tornar a história mais crível, há uma imagem com um gomo mais avermelhado. Jornais e portais pesquisaram a notícia e descobriram que a transmissão seria impossível. Isso porque o vírus considera a fruta um “ambiente inóspito”, em que ele não consegue sobreviver. A lenda ganhou fama em outros países, como Egito e Holanda. | Crédito: Nicholas Erwin via Visualhunt / CC BY-NC-ND