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Psicoterapia: virada de chave no vício de apostas

*Por Victoria Meschari // Um estudo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) revelou um dado digno de atenção: cerca de 12% dos brasileiros já apostaram pelo menos uma vez na vida.

Em paralelo, a Universidade de Nevada revelou que 76% das pessoas que realizam apostas esportivas perdem dinheiro a longo prazo, reforçando a urgência em abordar os malefícios das apostas e o seu possível impacto devastador.

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Conhecido como ludopatia, o vício em apostas foi oficialmente reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1980. No Brasil, aproximadamente 1% a 1,3% da população sofre com problemas patológicos decorrentes dessa doença, que tem como CID: 10-Z72.6 (mania de jogo e apostas) e 10-F63.0 (jogo patológico).

A OMS ainda destaca que a ludopatia se agravou devido ao aumento das plataformas online dedicadas às apostas, popularmente conhecidas como “bets” (do inglês, apostas).

A dependência em apostas é um problema complexo que envolve diversos aspectos cerebrais como reforço, impulsividade e busca por gratificação instantânea. O comportamento gera uma liberação de dopamina que se resulta em um ciclo vicioso, onde a pessoa continua realizando a prática na esperança de obter a mesma sensação.

Muitos apostadores não conseguem resistir ao desejo de jogar, mesmo cientes das consequências negativas como problemas financeiros, desgaste nos relacionamentos e impacto na saúde mental. Assim, a dificuldade em adiar a gratificação e a necessidade de prazer imediato podem levar a decisões impulsivas que perpetuam a ludopatia.

Essa, portanto, é uma condição multifacetada que requer uma abordagem integrada para o tratamento. A psicoterapia desempenha um papel crucial na recuperação do indivíduo, fornecendo um espaço seguro para explorar as causas subjacentes e desenvolvendo estratégias de enfrentamento saudáveis.

Existem alguns sinais, inclusive, que podem indicar a aquisição do vício. O pensamento frequente na prática, aumento do valor das apostas para obter a mesma emoção, a visão da atividade como uma forma de recuperar perdas, mentir para amigos e familiares, ou sentimentos de ansiedade e irritação podem ser sinais do transtorno.

Diferentes abordagens terapêuticas podem ser empregadas, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), que auxilia na identificação e modificação de crenças distorcidas, no desenvolvimento de habilidades para lidar com gatilhos e na prevenção de recaídas.

A terapia de grupo também pode ser benéfica, pois oferece suporte emocional, compartilhamento de experiências e a oportunidade de aprender com os desafios e sucessos de outras pessoas em recuperação.

Neste contexto, terapeutas trabalham com os pacientes para criar caminhos que possam substituir o comportamento de apostas por técnicas de relaxamento, hobbies alternativos e habilidades de resolução de problemas.

Esses profissionais se estabelecem como parceiros importantes na luta contra o vício, impulsionando uma virada de chave nessas estatísticas de crescimento.

*Victoria Meschari é psicóloga na Wilu, plataforma de bem-estar e alta performance