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Lecar: primeira montadora de carros elétricos do Brasil desiste do segmento

  • Créditos/Foto:Divulgação/Lecar
  • 27/Junho/2024
  • Bianca Bellucci, com assessoria

A Lecar, que se apresentou como a primeira montadora brasileira de carros elétricos, anuncia sua desistência no segmento. Agora, a empresa se dedicará à construção de modelos híbridos.

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“Ao longo do período de desenvolvimento, dos testes feitos e dos estudos internacionais já publicados, chegamos à conclusão de que o carro híbrido é mais vantajoso para a sociedade do que o elétrico em diversos quesitos – o que nos fez redirecionar nosso posicionamento e os planos para o mercado. A ideia, agora, é que nossa tecnologia híbrida flex a etanol, com tração 100% de motor elétrico, proporcione 1 mil km com 30 litros de etanol. Temos o primeiro carro elétrico sem tomada do mundo”, enfatiza Flávio Figueiredo Assis, fundador da Lecar.

De acordo com o executivo, o custo da infraestrutura é uma das maiores barreiras para o segmento. O preço de um carregador rápido gira em torno de R$ 1 milhão. E, apesar da venda de elétricos estar aquecida no Brasil, a rede de recarga não evolui na mesma proporção. “Estamos muito longe de termos a quantidade de carregadores necessária para popularizar este tipo de veículo em todo o País. Precisaremos de bilhões em investimentos para termos as condições adequadas”, afirma.

A empresa também notou precariedade na parte tecnológica. Mesmo que, atualmente, existam motores e baterias modernos, o conceito do carro elétrico é o mesmo desde 1890: uma bateria recarregável que alimenta um motor elétrico. As células de baterias, assim como os motores, têm limites tecnológicos que estão chegando ao auge.

Para a Lecar, todos esses pontos fazem com que comercializar e manter os modelos não traga um real custo-benefício ao mercado e ao consumidor. De acordo com a montadora, os veículos elétricos são mais propícios para ambientes urbanos e que, portanto, fazem sentido apenas para um grupo específico de uso – tais como motoristas de táxi e aplicativos, ônibus e caminhões.

“Há uma forte tendência de que este se torne um recurso transitório na sociedade, o que acende a importância de prestarmos atenção a outras opções mais viáveis em termos de acesso à população, como o híbrido. Temos ótimas alternativas de híbridos atualmente no mercado, mas por preços não tão acessíveis. Por isso, nossa nova missão, a partir de agora, será reverter essa realidade, trazendo modelos híbridos mais aderentes à realidade brasileira e que caibam no bolso da população, contribuindo para uma revolução na mobilidade nacional”, finaliza Assis.

A Lecar segue trabalhando em seu protótipo, LECAR 459, que recebeu, em abril deste ano, placa verde para começar a ser testado. Em breve, a empresa deve anunciar a nova expectativa de chegada ao mercado.