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Hanseníase: entenda porque doença ainda é um desafio no Brasil

  • Créditos/Foto:DepositPhotos
  • 27/Janeiro/2025
  • Da Redação, com assessoria

O Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase no mundo, ficando atrás apenas da Índia, de acordo com o Ministério da Saúde. A doença, desencadeada pela bactéria Mycobacterium leprae, afeta a pele e os nervos periféricos, podendo causar incapacidades físicas se não tratada.

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Entre os sintomas mais comuns estão manchas na pele que podem variar de esbranquiçadas a avermelhadas ou amarronzadas e, geralmente, apresentam também a perda de sensibilidade ao toque, calor, frio ou dor.  Em alguns casos, surgem caroços, e, nos estágios mais avançados, pode haver fraqueza muscular e deformidades.

Mesmo tendo cura, o quadro carrega consigo um estigma que transcende séculos e deixa marcas emocionais e sociais. Hoje, muitos pacientes diagnosticados ainda enfrentam preconceito e discriminação.

“A hanseníase é uma doença complexa. É fundamental adotar uma visão mais ampla ao tratá-la, levando em consideração não apenas os aspectos biológicos, mas também suas implicações na vida das pessoas afetadas e as dimensões psicológicas e sociais. Só assim é possível proporcionar um atendimento integral e humanizado aos pacientes”, afirma Flávia Rosalba, dermatologista do Hospital Dia Campo Limpo, gerenciado pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo (SMS-SP).

Sentimentos como ansiedade, baixa autoestima, vergonha, culpa, necessidade de se isolar e depressão podem ser experienciados por pacientes com hanseníase. Essas emoções podem se tornar grandes barreiras ao tratamento, uma vez que alguns pacientes hesitam em buscar ajuda por medo.

“O tratamento, no entanto, é crucial para interromper a transmissão. Todo o cuidado é realizado com medicações em comprimidos, disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS)”, explica a médica.

Outro desafio é o diagnóstico tardio da doença. A especialista enfatiza que a regularidade das consultas dermatológicas pode fazer uma grande diferença nesse aspecto, proporcionando uma análise precoce e evitando possíveis complicações de saúde.

Cuidado psicológico como parte necessária do tratamento

A reabilitação física e emocional deve andar de mãos dadas, com ações integradas. Assim, o cuidado psicológico é uma parte essencial do tratamento da hanseníase, por conta de todo o impacto que a doença pode acarretar à saúde mental.

“O acompanhamento em psicoterapia é uma forma de trabalhar a aceitação e ressignificação do diagnóstico com o paciente”, complementa Ana Paula Ribeiro Hirakawa, psicóloga que atua no CER IV M’Boi Mirim, gerenciado pelo CEJAM em parceria com a SMS-SP.

A especialista explica que o suporte psicológico pode incluir terapias individuais e, principalmente, atividades em grupo que abordem questões de autoestima, enfrentamento e reinserção social. Nesse sentido, os grupos de apoio podem ser um reforço a mais.

Já o suporte social, inclui orientações de assistentes sociais, que podem direcionar a pessoa para programas governamentais e comunitários para inclusão e reintegração.

SUS oferece suporte à hanseníase

A Unidade Básica de Saúde (UBS) é a porta de entrada para o cuidado dos pacientes. Ela dispõe de uma equipe multiprofissional que auxilia no diagnóstico, realizando os encaminhamentos necessários para centros especializados de hanseníase e reabilitação, além de também oferecer o tratamento.

A terapia, um recurso importante para o apoio a esses pacientes, também pode ser acessada gratuitamente a partir da UBS mais próxima. As unidades gerenciadas pelo CEJAM, por exemplo, possuem uma linha de cuidado dedicada exclusivamente à saúde mental, que faz toda a diferença no acolhimento e cuidado dessas pessoas.

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