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Hacker: entenda como os criminosos virtuais atuam e como se proteger de ataques

Uma das pesquisas mais frequentes do Google é o que é hacker. Geralmente, a busca está relacionada ao tipo de atividade que estes internautas realizam, se elas são legais ou não. Para esclarecer de uma vez as dúvidas sobre o tema, o 33Giga conversou com Fabio Assolini, analista sênior de segurança da Kaspersky. A seguir, ele explica o que fazem estes criminosos virtuais e como se proteger de possíveis ameaças.

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33Giga: O que faz um hacker?
Fabio Assolini: Simplificando, hackers são especialistas em informática capazes de penetrar e modificar sistemas digitais. Por serem capazes de realizar invasões, eles podem ajudar empresas a encontrar possíveis falhas em seus processos informáticos ou utilizar seus conhecimentos para praticar atos ilícitos, como roubo de dados e financeiros para venda online.

33Giga: Quais são os tipos de hackers mais comum?
FA: Os hackers se enquadram em três categorias diferentes. Os Black Hats são cibercriminosos que invadem sistemas com más intenções, instalam malware que destroem documentos e roubam dados pessoais. Os White Hats são os especialistas em informática contratados por empresas para localizar falhas digitais. E os Gray Hats invadem sistemas, identificam vulnerabilidades, mas não compactuam com as companhias e, por vezes, divulgam dados pessoais inseridos em sites. Estes termos derivam do esquema de codificação de cores presente nos filmes de cowboys dos anos 1950, onde os bandidos usavam chapéus pretos, e os mocinhos usavam cores brancas ou outras cores claras.

33Giga: Qual a diferença entre hacker e cracker?
FA: Como mencionado anteriormente, hackers são pessoas com um alto conhecimento em processos informáticos que podem usar suas habilidades para encontrar vulnerabilidades e melhorar sistemas ou para atos criminosos online – nesse caso, são chamados de cibercriminosos ou crackers. O termo cracker foi criado pelos próprios hackers para separarem os especialistas que atuam com ética e os que cometem atos criminosos.

33Giga: Em que momento o termo hacker passou a ser visto como algo negativo?
FA: Com a popularização da internet em 1990, alguns hackers passaram a usar suas habilidades para conseguir acesso não autorizado a computadores alheios. Por esse motivo, o termo começou a ser visto como algo negativo, pois mesmo quando essas ações eram efetuadas apenas por diversão, geravam transtornos aos administradores.

33Giga: Onde acontecem os maiores ataques hackers?
FA: Os ataques acontecem em muitos lugares do mundo, mas costumam ser predominantes em países como Brasil, China, Estados Unidos e Rússia. Isso porque têm uma grande população, o que permite ao cibercriminoso um ataque massivo e muito disseminado, além de ter suas particularidades, no Brasil, por exemplo, os hackers são bem criativos e aproveitam as ferramentas de comunicação para atingirem suas vítimas.

33Giga: É possível reconhecer um ataque hacker?
FA: Sim, basta observar o vazamento de informações que não foram compartilhadas pelo usuário. Isso pode ser alertado por amigos e familiares que receberam mensagens ou e-mails. Mas, no pior dos casos, o usuário só saberá que foi hackeado quando seu dinheiro ou seus dados pessoais forem roubados. Por isso, é sempre bom contar com uma solução confiável de segurança que se adeque às suas necessidades.

33Giga: Que dicas você dá para os internautas se protegerem de ataques hackers?
FA: Houve um tempo em que as pessoas tinham segredos. Isso acabou quando o mundo ficou online. Hoje, nossas atividades habituais como compras, conversas e viagens são todas gravadas e armazenadas por diferentes serviços e empresas. Para que dados não sejam vazados e não nos tornemos vítimas de crackers, é importante nos atentarmos às seguintes dicas:

– Suspeite sempre de links recebidos por e-mails, mensagens instantâneas ou postagens em mídias sociais, principalmente quando o endereço parece suspeito ou estranho;

– Não use redes abertas de Wi-Fi. Por mais que possam parecer seguras, oferecidas por uma cafeteria ou livraria local, nunca se sabe. Para criar redes similares, cibercriminosos só precisam de um notebook e um adaptador Wi-Fi. Na verdade, eles o fazem a fim de interceptar logins e senhas de usuários que tentam se conectar à internet por meio dessas redes falsas;

– Todas as mídias sociais são extremamente valiosas para criminosos, pois reúnem dados privados dos usuários. Os hackers podem usar essas informações para atividades fraudulentas. Por isso, tenha muito cuidado com o que publica online e o quão importante pode ser aquela informação;

– Evite senhas fracas. Sabemos que pode ser difícil lembrar de combinações complexas. Por isso, para facilitar esse processo e ficar mais seguro, utilize ferramentas como o Kaspersky Password Manager, que auxilia na criação de senhas complexas e difíceis;

– Tenha muito cuidado ao compartilhar dados muitos pessoais online, especialmente quando se trata de identidades, cartões de embarque e documentos. Isso vale não só para as suas informações, como também para as de familiares e amigos.

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Na galeria, conheça alguns hackers famosos por suas façanhas:

Hackers famosos: Kevin Mitnick – O norte-americano que invadiu a Nokia, IBM e Motorola quando tinha 15 anos, se tornou o primeiro hacker a estar entre os 10 criminosos mais procurados pelo FBI. Viveu clandestinamente em Israel e só foi preso depois que outro hacker o delatou, em 1995. Passou cinco anos na cadeia. Ao ser liberado, ficou três anos sem poder usar a internet. Sua história virou livro e depois foi transformada em um filme chamado de “Caçada Virtual”. | Crédito: campuspartymexico on Visualhunt.com / CC BY
Robert Tappan Morris – Criou o primeiro vírus tipo Worm, que faz cópias de si mesmo automaticamente, passando de um computador para o outro. Afetou cerca de 6 mil computadores em 1988. Foi a primeira pessoa a ser condenada pela lei de Abuso e Fraude de Computadores, mas não cumpriu pena. Ele pagou multa de US$ 10 mil e prestou 400 horas de serviços comunitários. Ironicamente, seu pai fazia parte do Centro Nacional de Segurança Computacional dos Estados Unidos. | Crédito: Domínio Público
Gary McKinnon – Hacker escocês que invadiu servidores da NASA para encontrar documentos que provassem a existência de extraterrestres. No entanto, aproveitou a deixa para excluir informações, softwares e arquivos importantes do governo norte-americano, causando prejuízos estimados em US$ 700 mil. Foi detido em 2002, mas respondeu pelos cibercrimes em liberdade condicional. Ele alega ter encontrado imagens de OVNIs nos arquivos da agência. | Crédito: Reprodução Internet
Kevin Poulsen – Famoso por interceptar linhas telefônicas, ganhou notoriedade quando hackeou uma promoção realizada pela rádio Kiss, na Califórnia (EUA). Seu objetivo era garantir que seria o 102º ouvinte a ligar para a empresa e ganhar um Porsche. Kevin ganhou o carro, mas foi preso em 1991 – um ano após o ocorrido – pelo FBI. Cumpriu pena por cinco anos e foi proibido de usar a internet por três anos. | Crédito: Almudena Fndez on Visualhunt.com / CC BY-SA
Raphael Gray – Aos 19 anos, este hacker britânico foi condenado por roubar 23 mil números de cartões de crédito. Entre eles, estava o de Bill Gates. Aliás, o jovem encomendou Viagra e mandou entregar na residência do proprietário da Microsoft. Raphael também divulgou as combinações em sites. Sua ideia era mostrar quão inseguras podiam ser páginas de e-commerce. Foi condenado a três anos de trabalhos sociais e tratamento psiquiátrico. | Crédito: Reprodução Internet
David Smith – Criador do vírus Melissa, que provocou danos de US$ 80 milhões e desativou redes de computadores ao redor do mundo em 1999. Foi uma das primeiras pragas capazes de se espalhar sem ser detectada, por meio de e-mails aparentemente enviados por amigos dos usuários. O hacker foi condenado a 20 meses de prisão, além de uma multa de US$ 5 mil. Curiosidade: o nome do vírus é uma homenagem a uma stripper que David conheceu na Flórida (EUA). | Crédito: Reprodução Internet
Adrian Lamo – Tornou-se famoso após invadir a rede The New York Times apenas para colocar seu nome como um dos colaboradores. O jornal denunciou o hacker para o FBI. Lamo confessou a invasão, além de afirmar que entrou nas redes de computadores do Yahoo, da Microsoft, da MCI WorldCom, da Excite@Home, e das empresas de telefonia SBC, Ameritech e Cingular. Recebeu a sentença de seis meses de prisão domiciliar e mais dois anos de liberdade vigiada. | Crédito: Domínio Público
George Hotz – Este hacker tinha apenas 17 anos quando burlou o sistema do iPhone um mês após seu lançamento, sendo o primeiro a realizar o feito. Depois, também conseguiu quebrar o código do Playstation 3, invadir a rede e roubar informações de 77 milhões de usuários. A Sony levou George ao tribunal e, antes do veredicto do juiz, ambos chegaram a um acordo que não foi divulgado. | Crédito: TechCrunch on VisualHunt / CC BY
François Cousteix – Este francês ganhou fama após invadir diferentes contas do Twitter, incluindo a de Barack Obama, Britney Spears e do próprio CEO do microblog, Evan Williams. A ação do hacker chamou a atenção do FBI, que colaborou com a polícia francesa para prendê-lo em 2010, um ano após realizar o feito. François foi condenado a cinco meses de liberdade vigiada. | Crédito: Frédéric Stucin
Jeanson James Ancheta – Primeiro hacker condenado por comandar uma rede de computadores fantasmas, mais conhecida como botnet. Seu objetivo era danificar sistemas e enviar volumes imensos de spam pela internet. Cerca de 400 mil máquinas foram infectadas. Em 2005, foi preso pelo FBI e condenado a 57 meses. Após o fim do período, passou mais três anos em liberdade vigiada e com acesso a computadores e à internet. | Crédito: Reprodução Internet
Michael Calce – Aos 15 anos, este hacker canadense descobriu como assumir o controle de redes de computadores e utilizou seus conhecimentos para invadir o sistema de grandes empresas como Yahoo, Dell, eBay, CNN e Amazon. À época, o então presidente norte-americano Bill Clinton criou uma equipe de cibersegurança para caçá-lo. Em 2001, a corte juvenil canadense sentenciou Michael a oito meses sob custódia e a um uso restrito da internet. | Crédito: Divulgação
Albert Gonzalez – Líder de um grupo global que roubou mais de 40 milhões de números de cartão de crédito, invadindo sistemas de varejistas. Costumava ostentar o dinheiro ficando em hotéis de luxo e dando festas milionários. Conseguiu driblar as autoridades durante um tempo usando nomes de outros membros de sua gangue. Acabou sendo preso em 2008 e foi condenado a 20 anos de cárcere. | Crédito: Domínio Público
Vladimir Levin – Esse hacker russo foi o cérebro por trás de um ataque aos computadores do Citybank em 1995. Ele conseguiu desviar US$ 10 milhões, mas foi preso na Inglaterra pela Interpol quando tentava fugir do país. Passou três anos na cadeia e teve que pagar uma indenização de US$ 240 mil ao banco. | Crédito: Reprodução Internet
Sven Jaschan – O alemão tinha 18 anos quando criou dois vírus do tipo Worm (Sasser e Netsky) que causaram danos em máquinas que utilizavam Windows 2000 e o Windows XP. As pragas, inclusive, chegaram a infectar computadores de grandes empresas, como a Delta Airlines. A Microsoft ofereceu recompensa de US$ 250 mil para quem entregasse o hacker. Ele foi preso depois que um colega o denunciou para a polícia alemã. A sentença foi de 1 ano e 9 meses de liberdade condicional. | Crédito: Reprodução Internet
Jonathan James – Primeiro adolescente a ser preso nos Estados Unidos por cibercrimes. Com 16 anos, invadiu os sistemas da NASA e do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, roubou um software no valor de US$ 1,7 milhões e interceptou mais de 3 mil mensagens sigilosas. Se fosse maior de idade, pegaria 10 anos de prisão, mas cumpriu apenas seis meses. Jonathan se suicidou em 2008 e deixou uma carta afirmando que não acreditava mais no sistema judiciário. | Crédito: Domínio Público