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Por que as pessoas estão falando sobre RFID novamente?

*Por Brian Kinsella // Ao contrário da moda, o setor de tecnologia não costuma buscar tendências e ideias do passado para definir seu futuro. Mas, no caso do RFID, é exatamente esse o fenômeno que temos observado nos últimos anos. O velho vira novo de novo, mas, desta vez, o foco está diretamente na proposta de valor para lojas e consumidores, em vez do centro de distribuição (CD).

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RFID significa “Radio Frequency Identification”, ou “identificação por radiofrequência”. São aquelas etiquetas e objetos equipados com chips capazes de identificá-los, rastreá-los e registrar dados.

Você deve se lembrar do famoso mandato RFID da Walmart, anunciado em 2003 e com data de implementação em janeiro de 2005. Surfando uma onda de grande entusiasmo, o RFID parecia ser a próxima grande novidade na tecnologia de execução da cadeia de suprimentos.

Então, por que a primeira onda de implantação do RFID falhou em cumprir suas promessas de precisão perfeita do estoque e rastreabilidade completa do produto ao longo da cadeia de suprimentos? Em resumo, foi um caso em que o esforço não valia a pena. Embora muitas vezes se fale sobre o custo das etiquetas, a maior barreira para a adoção era o custo dos leitores em si.

Qualquer pessoa que tenha vivido no mundo da tecnologia de lojas conhece o temido efeito multiplicador: o layout tecnológico perfeito para uma única loja é geralmente acessível, mas expandir esse modelo para uma rede de dezenas, centenas ou milhares de estabelecimentos é outra história. No caso do RFID, equipar cada loja com essa tecnologia era um obstáculo muito grande.

O resultado do preço elevado dos leitores era simples: do ponto de vista do custo, o RFID era viável apenas para o CD. Mas isso nos leva de volta à questão de não valer a pena.

Os CDs já tinham uma precisão de estoque quase perfeita. A maioria das grandes empresas já operava sistemas de gestão de armazéns que entregavam uma precisão de estoque superior a 99% (em comparação com as lojas, que normalmente variam entre 65% e 85%). Em resumo, onde havia benefício, o custo era alto demais, e onde o custo era gerenciável, simplesmente não havia benefício suficiente.

Então, o que é diferente desta vez para as lojas? Simplificando, os custos dos leitores caíram substancialmente, e os benefícios para os estabelecimentos são ainda maiores do que antes.

Vamos começar pelos custos. A maioria dos varejistas está agora implementando o RFID para gerenciar o estoque em casos como recebimento, ajustes e contagem cíclica por meio de leitores portáteis. Esses leitores são notavelmente mais baratos do que as opções fixas de leitores RFID do passado.

Além disso, esses equipamentos têm dupla função: eles são frequentemente dispositivos baseados em Android, também usados para Ponto de Venda (PDV) móvel, coleta e embalagem nas lojas, e diversas outras tarefas nesses locais. Efetivamente, o custo incremental de adicionar leitores RFID nas lojas caiu drasticamente, saindo quase de graça junto aos investimentos em dispositivos móveis que a maioria dos varejistas já está fazendo.

Mas talvez o aspecto mais interessante dessa volta do RFID nas lojas esteja relacionado aos benefícios. À medida que os estabelecimentos continuam sua evolução para se tornarem a manifestação física da marca digital, ter altos níveis de precisão no estoque está rapidamente se tornando essencial para proporcionar uma excelente experiência ao cliente.

Para os clientes, realizar uma busca no estoque online antes de ir à loja, reservar um item para retirada, pedir entrega no mesmo dia, drive-thru ou receber pedidos enviados pelas lojas se tornou a regra. Cada vez que uma unidade de estoque não está realmente onde o sistema de gestão de pedidos (OMS) ou o sistema da loja espera que esteja, os varejistas correm o risco de prejudicar a experiência do cliente.

Nesse caso, o RFID na loja é a cereja do bolo. Ao impulsionar a precisão do estoque para mais de 90%, o RFID aumenta a confiança do consumidor na disponibilidade que ele vê online, aumenta a probabilidade de ter um pedido pronto para retirada em menos de uma hora, melhora consideravelmente a capacidade de executar pedidos de entrega em drive-thru e no mesmo dia, e melhora o envio pontual de pedidos de entrega padrão da loja.

Em resumo, o RFID leva diretamente a uma experiência do cliente materialmente melhor na era do consumidor digital. E, felizmente, ele chegou bem a tempo para o mandato mais recente de RFID da Walmart.

*Brian Kinsella é VP Sênior e Gestão de Produtos da Manhattan Associates, especializada em tecnologia para cadeias de suprimentos e comércio omnicanal