Negócios
“Precisamos de iniciativas para melhorar a presença feminina no mercado digital”, diz COO da Gama Academy
- Créditos/Foto:Divulgação/Gama Academy
- 17/Março/2021
- Bianca Bellucci
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 20% dos profissionais que atuam no mercado de tecnologia são mulheres. Para mudar esse cenário, a Gama Academy, escola de seleção, capacitação e conexão de talentos às empresas do mercado digital, vem criando uma série de iniciativas que visam atrair garotas.
“Esta é uma construção que as empresas precisam sempre ter em pauta. Não só colocar mais mulheres na base da pirâmide, mas fornecer todos os mecanismos para que essas garotas possam se desenvolver e crescer profissionalmente”, aponta Natália Garcia, COO da Gama Academy.
Nesta entrevista, a profissional fala sobre os programas femininos desenvolvidos pela Gama Academy, os desafios ainda encontrados pelas mulheres no mercado digital e a progressiva diminuição de diferenças de gênero no setor. Confira!
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33Giga: Hoje, como você enxerga o mercado de tecnologia para as mulheres?
Natália Garcia: Como o mercado de tecnologia é relativamente novo, acredito que começamos de um patamar um pouco melhor em relação a setores mais antigos – principalmente as áreas de negócios, operacionais e marketing. Agora, quando o assunto é desenvolvimento de software, o buraco é mais embaixo. Existe um domínio masculino brutal. Por isso, na mídia, costumamos ver tantas iniciativas para atrair mais mulheres para os setores de programação, desenvolvimento de software, entre outros. Ainda precisamos caminhar muito para chegar a um patamar de igualdade.
33Giga: De que forma essa desigualdade impacta o dia a dia das mulheres que trabalham no setor?
NG: É difícil para uma pessoa que está começando a programar encarar um ambiente tão desigual. Às vezes, existem equipes com 20 profissionais homens e apenas uma mulher. Esse domínio masculino faz com que elas ouçam muitas piadas machistas no dia a dia. Sendo assim, precisamos de iniciativas tanto para melhorar os números da presença feminina no setor como para educar os homens que já estão na área. O HeforShe é um grande exemplo positivo desse tipo de movimento educacional.
33Giga: Atualmente, você é COO e Head de Projetos Corporativos da Gama Academy. Mas, até chegar a essa posição, você também teve que enfrentar desafios?
NG: Eu me considero uma mulher extremamente privilegiada. Durante a minha caminhada sofri poucos preconceitos por ser mulher. Sempre me foram dadas oportunidades para mostrar o meu potencial e realizar entregas com muita autonomia. Mas confesso que até chegar no mercado digital, quando deslanchei, me deparei com situações extremamente constrangedoras. Além de piadas machistas, existe também o olhar de reprovação e as dúvidas até que você prove que tem qualidade e pode entregar resultados assim como o seu colega do lado.
33Giga: O que a Gama Academy está fazendo para mudar o cenário e ter mais mulheres no mercado de trabalho?
NG: O meu time de operações sozinho é 80% feminino. Já quando falamos de liderança na Gama Academy, temos um meio a meio de homens e mulheres. Em relação aos nossos produtos, buscamos sempre apoiar causas que tragam mais garotas para a área de tecnologia. Só este ano teremos mais de 320 bolsas em parceria com a Magalu para formar mulheres em programação de softwares. Isso sem contar que a maioria esmagadora dos nossos clientes pedem para que 50% das vagas abertas dos nossos programas sejam direcionadas para mulheres, negros e LGBTIQ+. Isso é uma mudança de paradigma muito grande, pois as empresas não estão apenas buscando aumentar a sua equipe, mas ampliá-la de forma equilibrada e equânime.
33Giga: Hoje, as mulheres representam qual parcela entre os cursos de tecnologia na Gama Academy?
NG: Entre os alunos da Gama Academy, 47% são mulheres. Mas, ainda assim, quando abrimos inscrições para os nossos programas, entre 70% e 80% são homens. Elas chegam até nós por meio de bolsas. Ao longo de 2020, por exemplo concedemos mais de 1.400 bolsas. Este ano, queremos oferecer ainda mais, pois acreditamos que isso seja uma construção. Precisamos aumentar muito a base da nossa pirâmide para daqui 2 ou 3 anos termos mais profissionais femininas no mercado de trabalho em tecnologia.
33Giga: Isso significa que você enxerga uma diminuição na diferenças de gênero dentro do setor em um futuro próximo?
NG: Existem diversas iniciativas que buscam trazer o público feminino para o setor de tecnologia. O grande problema, no entanto, é que as empresas precisam de profissionais pleno e sênior e, simplesmente, não existem mulheres na quantidade que o mercado precisa. Na verdade, não há nem homens suficientes. Dito isso, acredito que iremos conseguir diminuir, sim, essa diferença ao longo dos próximos 10 anos.
33Giga: Que dicas você dá para as mulheres formadas que ainda não tiveram oportunidade no mercado de tecnologia?
NG: O mercado está superaquecido. Então, estudem e se preparem. Programação é prática, construção de cases e portfólio. Atualize seu LinkedIn, faça marketing pessoal e tenha um bom GITHUB. Além disso, tenha as suas redes de apoio. Hoje, existem várias comunidades focadas em desenvolvimento técnico, empoderamento feminino e conexão com oportunidades no mercado de tecnologia, como Elas Programam, Se Candidate Mulher e PrograMaria. Seguindo essas dicas, a possibilidade de conseguir uma oportunidade é grande.
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