Ciência
Celular é o grande vilão das dores cervicais?
- Créditos/Foto:DepositPhotos
- 06/Junho/2023
- Da Redação
*Por Carlos Barsotti // Quanto tempo você passa diariamente no celular? Para muitos, este dispositivo é essencial para diversas atividades do cotidiano, tornando-se mais do que apenas um hábito de diversão.
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Mas, por mais praticidade e lazer que traga, muito vem sendo associado sobre a relação de seu uso com a piora de dores cervicais, gerando uma ideia que deve ser desmistificada o quanto antes para a compreensão das verdadeiras causas destes incômodos.
Em uma pesquisa conduzida pela plataforma AppAnnie, foi identificado que os brasileiros se tornaram a população que mais passa tempo nos celulares, registrando a média diária de 5,4 horas.
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A cada ano, essa quantidade vem aumentando gradativamente, sendo utilizada como argumento para a piora das dores cervicais devido à maior flexão do pescoço observada nos indivíduos durante o envio de mensagens – tecnicamente conhecida como text neck.
Apesar de existirem diversos questionamentos sobre a influência desta postura inadequada com a crescente prevalência destas dores, não há, de fato, nenhuma comprovação científica deste impacto.
É claro que a ciência evolui constantemente e novas provas surgem a todo o momento. Entretanto, não podemos, até o momento, afirmar que a inclinação do pescoço está diretamente associada ao aumento das dores cervicais, principalmente diante de tantas outras razões que, comprovadamente, são muito mais responsáveis por desencadear estes problemas.
No geral, existem diversas causas das dores cervicais que podem ser desencadeadas a partir de inúmeros comportamentos muito presentes no cotidiano da população. Deles, um dos mais frequentes vistos nos ambientes de trabalhos, como exemplo, diz respeito à má postura dos profissionais ao longo de seu expediente.
Aqueles que passam muitas horas sentados – especialmente no home-office – certamente têm maior probabilidade de sentirem desconfortos e outros problemas semelhantes quando não se posicionam corretamente em seus assentos.
Paralelamente, a falta de exercícios físicos também é um fator altamente prejudicial à dor cervical. Segundo um estudo feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS), 47% dos brasileiros não se exercitam regularmente. Somos uma das nações com o maior índice de sedentarismo no mundo, o que resulta em problemas sérios para a saúde, inclusive da coluna.
Além disso, também tem sido cada vez mais compreendida a influência do estresse como gatilho para este problema. Afinal, em meio a situações preocupantes do dia a dia, tendemos a tencionar e contrair estes músculos, o que muito provavelmente poderá desencadear dores na região e em outras partes do corpo, assim como outros desconfortos incômodos para a manutenção da qualidade de vida.
O assunto é tão sério que estimativas da OMS mostram que cerca de 90% da população mundial sofre com este problema, sendo o Brasil o segundo país do mundo com maior índice de estresse, de acordo com a Associação Internacional do Controle do Estresse (ISMA).
Contudo, não podemos ignorar que existem diversas outras causas e tipologias de dores cervicais que acometem pessoas de todas as idades – inclusive, desde a gestação, o que ressalta a importância de um diagnóstico precoce a fim de identificar o melhor tratamento conforme cada caso.
No geral, é extremamente recomendado buscar a manutenção de exercícios físicos regularmente e, se necessário, sessões de fisioterapia como auxiliadoras – ambos, orientados por profissionais qualificados para evitar lesões ainda piores.
Seja qual for a dor enfrentada, um diagnóstico correto e precoce, alinhado a um tratamento adequado, sempre surtirá o melhor resultado possível, podendo, inclusive, evitar a necessidade de cirurgias corretivas para o paciente.
É relativamente simples obter este diagnóstico e, quanto mais cedo se realizar consultas com especialistas, menores serão os riscos de evolução para problemas mais graves.
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*Carlos Eduardo Barsotti é é cirurgião ortopedista especialista em cirurgias de coluna. Saiba mais em https://drcarlosbarsotti.com.