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Crise energética na China: entenda como ela afeta a economia brasileira

  • Créditos/Foto:DepositPhotos
  • 22/Fevereiro/2023
  • Da Redação, com assessoria

Apagões em casas e limitação do consumo de energia no polo industrial. Esse é o cenário que a China está enfrentando, atualmente, por conta de uma crise energética que aplaca o país. Caos esse ocasionado, principalmente, pelo comprometimento do governo em reduzir as emissões de poluentes na atmosfera, uma vez que 60% da matriz energética da nação asiática vem da queima de carvão. Apesar da distância geográfica entre Brasil e China, o mesmo não acontece economicamente e, segundo especialistas, esse quadro pode afetar a importação e a economia nacional em poucos meses.

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“Com o racionamento de energia elétrica na China – considerada hoje um dos maiores produtores industriais do mundo –, as fábricas começam a operar em horários reduzidos e, consequentemente, a produção cai. Com isso, começa a escassez de produtos lá na ponta da cadeia produtora, que vai refletir diretamente na oferta para os países importadores e no preço que eles serão disponibilizados para os fornecedores e para o cliente final”, explica Rodrigo Giraldelli, que atua há 20 anos como especialista em importação da China e está à frente da consultoria China Gate. “Se levarmos como parâmetro a crise do coronavírus e a crise ambiental que o país passou nos últimos anos, a previsão é de que, em até quatro meses, os brasileiros já sintam o efeito da crise energética na China nos preços dos produtos disponíveis no varejo”, alerta.

Hoje, o país asiático é considerado o principal parceiro comercial do Brasil, segundo o Sistema Integrado de Comércio Exterior. Não à toa, em 2021, 31,3 % das importações vieram da China, enquanto em 2022, até o mês de novembro, essa porcentagem estava em 64%. Ainda segundo a instituição, de janeiro a novembro de 2022, essas importações giraram em torno de US$ 87 milhões. Mas as projeções dessa relação comercial não são promissoras para os próximos meses, segundo o expert em importação.

“Hoje, já estamos sentindo o reflexo dessa crise energética no aumento e na escassez de produtos de alguns setores, mesmo que ainda de forma tímida. Mas acredito que tudo possa se agravar para os importadores em meados de fevereiro. Isso porque a China não segue o nosso calendário ocidental e, sim, o lunar. Então, a partir do dia 20 de janeiro, eles tiveram um recesso de fim de ano, no qual as fábricas pararam a produção, com retorno apenas em meados de fevereiro. Com esse cenário de produção já em baixa somada a essa pausa, acredito que essa situação possa se agravar ainda mais nos próximos meses e gerar ainda mais escassez de produtos, aumento nos preços, ruptura de estoque e até crise inflacionária – uma vez que o produto também aumentará na ponta, para o consumidor final brasileiro”, pondera o especialista.

Diante disso, Rodrigo orienta que os importadores tenham mais de um fornecedor à disposição na China, neste momento de crise. “Aconselho que os lojistas não coloquem seus ovos em uma única cesta, mas busquem mais de uma fonte de fornecimento dos seus produtos. Além disso, recomendo que procurem fornecedores também em outros países asiáticos, como Vietnã, Indonésia, Índia e Oriente Médio – alternativas para que não haja escassez de produtos”, aconselha o expert.

Assim como em outros momentos, a crise energética na China, segundo o especialista, será refletida na economia brasileira em poucos meses. Basta lembrar a escassez de insumos médicos durante a pandemia que prejudicou o abastecimento nacional. “Na China, quando começa a ter esse impacto no setor industrial, automaticamente as cotações já começam a subir. Até quatro meses o produto começa a faltar ou ficar mais caro na ponta do varejo brasileiro, para o consumidor final, então precisamos estar atento”, alerta Rodrigo.

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