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Como evitar os principais crimes online que afetam a comunidade LGBTQIAP+

  • Créditos/Foto:DepositPhotos
  • 04/Junho/2024
  • Da Redação, com assessoria

*Por Maria Eduarda Melo // Em um mundo em que 64 países ainda criminalizam a homossexualidade e os crimes de ódio contra pessoas LGBTQIAP+ são uma realidade (relatório da Statista de 2024), compreender os desafios e perigos que esse grupo enfrenta no ambiente virtual é essencial para construir um espaço seguro e inclusivo. Assim, simpatizantes, defensores e membros da comunidade devem estar cientes das ameaças e tomar medidas proativas para se proteger dos ataques que vêm de diferentes frentes. Vamos explorar os crimes online que afetam a comunidade LGBTQIAP+ e as estratégias para mitigá-los.

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1. Cyberbullying e abuso

Os jovens LGBTQIAP+ enfrentam duas vezes mais chances de serem vítimas de cyberbullying do que os heterossexuais. Mensagens de ódio e trollagem são uma realidade diária para muitos membros da comunidade, podendo causar danos psicológicos profundos. Além disso, um levantamento realizado pelo Instituto Polis revelou que o número de registros por homofobia e transfobia (físico e online) cresceu mais de 15 vezes entre 2015 e 2022 na cidade de São Paulo.

Em 2015, foram 63 boletins de ocorrência, enquanto em 2022, esse número aumentou para 960 registros (um salto de 1.424%). As notificações de violência LGBTfóbica nas unidades de saúde da capital cresceram 10,8 vezes entre 2015 e 2023.

Para mitigar esse tipo de crime, algumas ações se mostram essenciais:

  • Denuncie as mensagens de ódio e abuso para as plataformas online;
  • Utilize as opções de bloqueio para evitar interações indesejadas com agressores;
  • Eduque a comunidade à sua volta sobre os efeitos nocivos do cyberbullying e da intolerância online;
  • Se possível, forneça apoio emocional e recursos para vítimas de cyberbullying, incluindo serviços de aconselhamento e grupos de apoio;
  • Pressione as plataformas online a implementarem políticas rigorosas contra o cyberbullying e a discriminação com base na orientação sexual e identidade de gênero;
  • Promova uma cultura de respeito e inclusão nas redes sociais, incentivando a moderação no uso de linguagem ofensiva e estereótipos prejudiciais.

2. Doxxing e Deadnaming

Doxxing, a prática de expor informações pessoais online, e Deadnaming, o ato de se referir a uma pessoa trans pelo nome que ela usava antes da transição, representam sérios riscos para a segurança e o bem-estar da comunidade LGBTQIAP+. A perda de controle sobre a própria identidade e a exposição a assédio e violência são consequências potenciais desses ataques.

Para evitar esse tipo de crime online, algumas ações podem ser tomadas:

  • Defender políticas rigorosas de proteção de dados nas plataformas online, exigindo medidas de segurança para evitar vazamentos de informações pessoais;
  • Pressionar por legislação que puna o Doxxing como crime cibernético e proteja as vítimas contra a exposição não consensual de suas informações;
  • Usar soluções de VPN para manter a privacidade da conexão e dos dados;
  • Ajustar as configurações de privacidade nas redes sociais, criptografar o tráfego online e evitar compartilhar informações pessoais em excesso.

3. Catfishing

Catfishers, aqueles que criam identidades falsas online, podem representar uma ameaça à comunidade LGBTQIAP+, resultando em situações perigosas, como Doxxing ou outros tipos de violência. É crucial adotar cautela ao interagir com pessoas no meio online, além de marcar encontros presenciais em locais seguros e públicos.

Algumas ações para evitar esse tipo de ataque são:

  • Incentivar a verificação de identidade em plataformas de namoro e redes sociais, para ajudar a reduzir a incidência de perfis falsos e catfishers;
  • Utilizar ferramentas e recursos de autenticação, como verificação de fotos ou contas vinculadas a números de telefone, sempre que possível;
  • Estabelecer diretrizes para encontros presenciais, propondo que ocorram em locais públicos e seguros, com a presença de outras pessoas;
  • Compartilhar somente as informações necessárias, de forma responsável e criteriosa, evitando revelar detalhes sensíveis;
  • Explorar e utilizar recursos de segurança oferecidos por plataformas de redes sociais e aplicativos de namoro, como bloqueio de usuários suspeitos e relatórios de comportamento inadequado;
  • Manter-se atualizado sobre as políticas de segurança e privacidade das plataformas online utilizadas e reportar qualquer atividade suspeita ou abusiva;
  • Levar a sério as violações de dados, utilizar senhas únicas e robustas e empregar ferramentas de segurança, como navegadores seguros e VPNs.

Proteger a comunidade LGBTQIAP+ online requer conscientização e ação proativa contra os perigos e ameaças que enfrentam. Ao adotar estratégias de proteção, como denunciar abusos, gerenciar dados e melhorar a segurança cibernética, é possível criar um ambiente online mais seguro e inclusivo para todos. É responsabilidade de todos promover um espaço virtual no qual a diversidade e a segurança sejam valorizadas e protegidas.

*Maria Eduarda Melo é Country Manager da NordVPN, empresa especializada em soluções de privacidade, segurança e rede privada virtual (VPN)