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Conheça a trajetória e as promessas da fotografia digital
- Créditos/Foto:Divulgação
- 18/Maio/2016
- Da Redação, com assessoria
A facilidade de registrar uma cena a qualquer minuto, em qualquer lugar, transformou a fotografia em algo corriqueiro. Porém, foi preciso percorrer um longo caminho até que ela se tornasse tão familiar. Desde a impressão da primeira foto, quase dois séculos atrás, a humanidade segue aprimorando essa tecnologia e descobrindo formas de torná-la mais amigável e acessível. Um dos principais marcos nesse percurso foi, indiscutivelmente, o advento das câmeras digitais. Essa invenção possibilitou a popularização da fotografia, aumentando expressivamente o número de imagens tiradas ao redor do mundo. E a tendência é que, com esse recurso ao alcance das mãos, a fotografia siga impactando a forma de registrar a história.
A arte da guerra
Durante a Guerra Fria, em 1964, ano em que a missão Mariner 4 capturou 22 fotos em preto e branco de Marte em uma resolução de 400 pixels, os primeiros passos para a primeira revolução digital da fotografia eram dados. A RCA trabalhava no desenvolvimento de um circuito que possibilitasse o armazenamento de informações digitais. Sua invenção, o CMOS (Complementary Metal Oxide Semiconductor), foi o grande responsável pela transformação das câmeras em aparelhos portáteis, capazes de armazenar informações básicas como data e hora.
Esse pequeno circuito também serviu de inspiração para a criação do CCD (Charged Coupled Device), desenvolvido pela Bell Labs em 1969, que permitiu aprimoramentos significativos em relação à resolução das imagens capturadas. Encontrada nas câmeras digitais atuais, essa invenção possibilitou avanços não somente na fotografia, mas também nos equipamentos médico-hospitalares e instrumentos de observação espacial.
A corrida do ouro
Em 1975, a Kodak divulgou o primeiro protótipo de câmera digital. O dispositivo de 4 kg contava com recursos revolucionários: registrava imagens em 23 segundos com resolução equivalente à 0,04 megapixels, algo impressionante para época. Porém, ainda era necessário visualizar as fotos por meio de um televisor comum.
A primeira câmera a ser intitulada “digital” surgiu em um experimento conduzido pela Universidade Calgary do Canadá. Construída em 1981 para fotografar fenômenos atmosféricos, a Fairchild All-Sky Camera contava com tecnologia CCD e capturava imagens na resolução de 100 x 100 pixels. O grande diferencial do equipamento era o microcomputador Zilog Mcz1/25 acoplado, que processava as imagens de maneira puramente digital.
Mas a grande revolução só chegou de fato ao público final graças a Sony que, também em 1981, disponibilizou a primeira “câmera digital comercial”. A Mavica tinha preços exorbitantes para época (cerca de U$ 12 mil), contava com resolução de 0,3 megapixels e a impressionante capacidade de armazenar até 50 fotos em disquetes de 2 polegadas, os chamados Mavipaks (da própria marca).
Com o mercado em expansão, novas empresas entraram nessa corrida do ouro, disponibilizando câmeras e acessórios fotográficos. Dessa forma, os modelos subsequentes da própria Mavica (MVC-C1 e MVC-A10 Sound) lançados no ano final da década de 1980 já custavam 30 vezes menos do que a câmera pioneira da Sony e ainda contavam com aprimoramentos, como gravação de áudio.
O fim dos disquetes
Apesar dos avanços, o uso das câmeras analógicas ainda era comum nos anos 1990. Para aposentar de vez o método convencional e popularizar a tecnologia digital era preciso tornar o produto mais atraente e prático para o consumidor. Além de aprimorar o design das câmeras (que eram pesadas), era preciso melhorar a qualidade das imagens capturadas. O meio de armazenamento também precisava ser menor e mais barato.
As primeiras mudanças tardaram a chegar. Apenas em 1997, a Sony foi capaz de utilizar disquetes de 3.5” (os mesmos usados em computadores) para gravar fotos, tornando o equipamento um pouco mais compacto. Porém, a grande sacada veio da Fujitsu: além de apresentar modelos mais robustos e o útil painel de visualização, a japonesa foi a primeira a disponibilizar uma câmera com armazenamento via cartão de memória.
A disputa das gigantes do setor impulsionou o aprimoramento de recursos. Sensores, lentes, capacidade de zoom e resolução cada vez melhores foram apenas algumas conquistas motivadas pela acirrada disputa entre as companhias. Em meados de 2000, já existiam câmeras extremamente potentes, dispensando o uso de pilhas, padronização de tecnologias e meios de armazenamento pequenos, porém de alta capacidade.
Selfies e o futuro
Desde o lançamento do primeiro celular que tirava fotos (Sanyo SCP-5300) em 2002, o número de cliques ao redor do mundo cresceu absurdamente. Graças ao advento da fotografia no telefone, os registros feitos desde o surgimento da tecnologia digital cresceram mais de 600%. Para se ter uma ideia, o número de imagens capturadas passou de 86 bilhões em 2000 para 400 bilhões em 2011.
De acordo com Nizar Escandar, especialista da eMania (empresa de equipamentos para foto e vídeo), no futuro, dispositivos de realidade aumentada permitirão a captura de imagens e filmagens em movimento de forma muito mais prática do que as atuais câmeras GoPro. “Óculos e lentes de contato inteligentes com recursos de captura digital tornarão essa tecnologia algo ainda pessoal e natural”, diz.
Entretanto, a fotografia profissional não vai desaparecer. Isso porque as gigantes do ramo seguem investindo em câmeras fotográficas de alto desempenho. No início do ano, Fujifilm e Panasonic anunciaram o desenvolvimento de uma tecnologia que propõe substituir o silicone utilizado nos sensores atuais por um conversor fotoelétrico de origem orgânica. Isso será capaz de aumentar a área de captação da luz, captando imagens com qualidade até 100 vezes superior as de hoje. A expectativa é que a tecnologia, ainda em estudo, esteja disponível para uso comercial em um futuro próximo.