33Giga Tecnologia para pessoas

Ciência

Cannabis no esporte: especialistas detalham benefícios

  • Créditos/Foto:DepositPhotos
  • 25/Julho/2024
  • Bianca Bellucci, com assessoria

O que atletas como o skatista Pedro Barros, o nadador Talisson Glock, a jogadora de vôlei Duda Oliveira e a carateca Nathalia Gomes têm em comum? Aparentemente, nada. Cada um atua em uma modalidade distinta, mas estão unidos pelo tratamento com canabidiol (CBD), uma das moléculas da maconha.

Quer ficar por dentro do mundo da tecnologia e ainda baixar gratuitamente nosso e-book Manual de Segurança na Internet? Clique aqui e assine a newsletter do 33Giga

Em 2018, a Agência Mundial Antidoping (WADA) removeu o canabidiol (CBD) da lista de substâncias proibidas, diferenciando-o do tetrahidrocanabinol (THC). Essa decisão abriu portas para pesquisas sobre os benefícios terapêuticos da cannabis no esporte. Organizações como o UFC e a NBA já não consideram mais a planta e seus componentes como doping.

O advogado especialista em Direito Canábico, Ladislau Porto, explica que, no Brasil, a legislação permite o uso da cannabis apenas para fins medicinais, com prescrição médica. A regulamentação específica para atletas é escassa e muitas vezes conflitante com as regras antidoping. Conforme a WADA, o CBD “puro” é permitido no esporte, mas quando misturado com THC, é proibido durante competições.

Porto afirma que o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) adota uma postura cautelosa, afirmando que a utilização de qualquer produto à base de CBD fica por conta e risco do atleta. “Isso acontece porque existe o risco de ingestão inadvertida de produtos que contenham THC, o que pode levar a um resultado positivo no controle de doping”, comenta.

Cannabis no esporte: alívio da dor e outros benefícios

Gilberto Pannunzio, médico de Família e Comunidade, explica que o CBD tem ganhado destaque por seus benefícios na recuperação muscular, redução da dor e inflamação, e aprimoramento do foco e performance cognitiva. “Fisicamente, o CBD ajuda a reduzir as microlesões e reações inflamatórias que ocorrem durante treinamentos e competições, permitindo uma recuperação mais rápida e eficaz, similar a outros anti-inflamatórios e analgésicos convencionais. Mentalmente, atua no sistema endocanabinoide, influenciando positivamente o sistema nervoso central, o que pode ajudar a reduzir a ansiedade e melhorar a qualidade do sono, aspectos fundamentais para atletas que enfrentam pressão constante por desempenho e resultados”, detalha o médico.

A carateca Nathalia Gomes, de 29 anos, utiliza o CBD para tratar um Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e relata melhorias significativas em sua concentração e na redução da intensidade dos pensamentos. “Comecei a tomar CBD há quase dois anos e ele tem sido uma grande ajuda na minha vida, me mantendo mais ativa e focada no caratê, permitindo que eu aprimore minhas técnicas e execute os movimentos com mais perfeição”, comenta.

Nathalia, que se prepara para disputar o Campeonato Brasileiro com patrocínio da ONG Acolher Macaé, que atende pacientes de cannabis medicinal, destaca que, ao contrário das medicações convencionais que precisavam ser frequentemente trocadas, o CBD proporcionou uma solução mais estável e eficaz. A concentração, essencial para aprender novas técnicas e competir em alto nível, é um dos aspectos mais impactados positivamente pelo uso de CBD, ajudando atletas como Nathalia a alcançar melhores resultados em suas competições.

Fique atento

Para garantir a conformidade com as regras da WADA, que permite apenas o uso de canabidiol isolado, os produtos indicados para atletas são aqueles que não contêm vestígios de delta-9 THC ou outros componentes da planta. “O uso de produtos full ou broad spectrum, que podem conter pequenas quantidades de THC, pode resultar em punições para os atletas”, alerta o advogado especialista em Direito Canábico.