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Isabela, 7 anos, com paralisia cerebral: um ano após cannabis medicinal

  • Créditos/Foto:DepositPhotos
  • 13/Novembro/2024
  • Da Redação, com assessoria

O tratamento da paralisia cerebral com cannabis medicinal tem mostrado resultados cada vez mais importantes. O distúrbio, que é resultante de anomalias que afetam o desenvolvimento do cérebro, levando a dificuldades motoras, epilépticas e a distúrbios de comportamento, atinge cerca de 17 milhões de pessoas em todo o mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

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Nem sempre a terapêutica convencional é capaz de melhorar a qualidade de vida do paciente e o canabidiol (CBD), componente não psicoativo da cannabis, tem sido eficaz no manejo da paralisia cerebral e epilepsia de difícil controle.

“Estudos demonstram que o CBD pode reduzir a frequência das crises e melhorar a qualidade de vida, com menor sedação em comparação aos fármacos convencionais, que nem sempre são suficientes para controlar as crises epilépticas refratárias, especialmente em crianças”, explica Fernanda Moro, neuropediatra.

Ao introduzir o uso de cannabis medicinal em pacientes com este quadro, a médica notou impressionantes transformações naqueles que já não respondiam ao tratamento convencional. É o caso de Isabela de Lima Felix, de 7 anos.

Isabela de Lima Felix, 7 anos / Crédito da foto: divulgação
Isabela de Lima Felix, 7 anos / Crédito da foto: divulgação

De acordo com a neuropediatra, a paciente, que enfrenta condições severas, incluindo uma internação longa e complicações graves decorrentes da COVID-19, apresentou um avanço significativo em seu desenvolvimento cognitivo e motor, bem como na sua interação social após a introdução da cannabis medicinal.

“Diante dos resultados insatisfatórios com a medicação padrão, consideramos o uso do canabidiol hidrossolúvel. Após um ano, observa-se uma mudança notável na vida da criança. A mãe relata que ela está ‘mais sapeca’, apta a se conectar socialmente e apresentando avanços em atividades motoras”, conta Fernanda Moro.

Entre outros avanços, a criança está em treinamento fisioterapêutico para uso do triciclo adaptado, melhorou sua conexão com o ambiente, com os familiares e seu controle neuropsicomotor e até consegue jogar bocha.

A família também relata que no passado ela era extremamente passiva e que após o uso do medicamento à base de cannabis tem se expressado melhor. Além disso, a frequência das crises diminuiu e sua capacidade de comunicação e expressão aumentaram significativamente.

A família também destaca que houve uma melhora significativa em seu desempenho escolar, especialmente nas aulas de inglês, nas quais ela passou a participar ativamente e já consegue identificar as partes do corpo nesse idioma, algo que antes não era possível.

O canabidiol hidrossolúvel utilizado pela Isabela é o Bisaliv, medicamento produzido no Canadá que foi o primeiro nanofármaco à base de cannabis apto para ser importado para o Brasil.

Ele é comprovadamente mais potente que os óleos de cannabis comuns pois utiliza a nanomedicina para diminuir as moléculas da planta e encapsula-las em uma solução aquosa – facilitando a absorção pelo corpo. A medicação é desenvolvida pela farmacêutica Thronus Medical.

A importância da informação

Ao oferecer a opção de tratamento como canabidiol, a neuropediatra fez um cuidadoso trabalho de orientação à família da paciente.

O CBD é um dos canabinoides mais abundantes na cannabis. Seu efeito medicinal interage com o corpo através do sistema endocanabinoide, um sistema sinalizador vital responsável por regular inúmeras funções. A substância não apresenta efeitos alucinógenos e intoxicantes, além disso não causa vício e nem gera dependência.

Atualmente grande parte do CBD é extraído de uma variedade de cannabis chamada “hemp” ou “cânhamo”, que possui concentrações muito baixas de THC (Δ9-tetraidrocanabinol), menor que 0,3%. Após extraído, o CBD pode ser totalmente isolado e usado na fabricação de produtos livres de qualquer quantidade de THC.

“A informação de qualidade é poderosa para quebrar preconceitos com o uso dos medicamentos à base de cannabis. A mãe foi orientada sobre a segurança e a potencial responsividade ao CBD. A dosagem inicial foi uma introdução cuidadosa, com continuidade dos medicamentos convencionais”, diz Fernanda.

“Este é um dos casos clínicos mais impressionantes em minha prática e os resultados corroboram com as evidências que a introdução do CBD levou a uma diminuição nas crises epilépticas e melhoras significativas em aspectos físicos e emocionais da paciente”, finaliza.