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"Objetivo é fazer o melhor longa com Ewoks, Bustos e Monstros", diz diretor de O Filme do Bruno Aleixo; veja entrevista

  • Créditos/Foto:Divulgação
  • 13/Fevereiro/2020
  • Sérgio Vinícius

Em cartaz em alguns cinemas brasileiros, O Filme do Bruno Aleixo é o primeiro longa-metragem do personagem português que nasceu, cresceu e se popularizou na internet (em especial, no YouTube). Mistura de cachorro com Ewok, Bruno, nascido em Coimbra e hoje com 62 anos, se destaca pelo mau humor e pelos amigos um tanto peculiares – como um busto de Napoleão e um ser semelhante ao Monstro da Lagoa Negra.

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Crédito: Divulgação
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De costas, o Homem do Bussaco; à esquerda, Busto. Na ponta, Renato

O longa mostra o processo de criação de outro filme, cujo protagonista pretende fazer com a ajuda de seus amigos. Para isso, Bruno convoca uma reunião de ‘brainstorming’ nonsense com alguns colegas. Entre eles: O Homem do Bussaco (espécie de monstro peludo, tipo Chewbacca), Busto e Renato Alexandre (respectivamente, os já citados, busto de Napoleão e Monstro da Lagoa Negra).

O Filme do Bruno Aleixo foi dirigido pelo português João Moreira, um dos criadores e dublador do personagem. Por e-mail, ele contou ao 33Giga mais detalhes sobre o longa-metragem e mais particulares de um dos melhores e mais engraçados personagens da internet (que, aliás, tem também três ótimos podcasts: Aleixo Amigo, Aleixopedia e Aleixo FM).

33Giga: Qual é a diferença entre fazer quadros curtos na web (YouTube e, atualmente, três podcasts de 5 minutos) para um longa-metragem?

João Moreira: Foi o maior desafio neste projeto, sem dúvida. Em conteúdos de menor duração, as características técnico-locomotivas (chamemos-lhe assim) das personagens são bem mais contornáveis, todo mundo tolera e se diverte com uma conversa de 5 ou 10 minutos.

No caso do filme, sabíamos que teríamos de encontrar um mecanismo que dinamizasse uma obra maior como é um longa (neste caso, poder introduzir atores de carne e osso e diversos estilos cinematográficos). E a maior diferença foi essa mesmo: encontrar uma premissa que sustentasse um filme durante 90 minutos com personagens tão específicos.

33Giga: A ligação do Bruno Aleixo com o Brasil é extensa. Ele tem amigos e parentes no Rio de Janeiro e em São Paulo. Eventualmente, somos citados em piadas e comentários. Há até a série do Aleixo no Brasil. O que espera do desempenho do filme no País?

João Moreira: Da mesma maneira que não sabemos bem explicar a pequena mas dedicada falange de fãs do Bruno no Brasil, também não temos expectativas especialmente definidas. Precisamente porque sabemos que o sucesso no Brasil se restringe a um núcleo ainda bem restrito de pessoas.

Mas também sabemos que o Brasil é imenso e qualquer nicho aí significa logo um número bem agradável para qualquer conteúdo. Em suma: esperamos sobretudo que as pessoas gostem. Ou a maioria, vá. Quanto a números propriamente ditos, diríamos que o objetivo é fazer melhor que outros filmes com Ewoks discutindo com Bustos e Monstros da Lagoa Negra.

33Giga: Sobre cinema em geral, sei que Bruno é um grande fã de Duro de Matar e Predador. Quais outros títulos o agrada?

João Moreira: O Bruno acaba por gostar de coisas de que nós, autores, também gostamos. Sempre dentro de um gênero bem específico, embora, por vezes, o Bruno também declare a sua estima por coisas mais elaboradas (como Fellini).

E então: além do Predador, há outras coisas que na nossa cabeça fazem sentido o Aleixo gostar, como Starship Troopers ou Um Tira da Pesada. Sim, fomos ver como era o título na versão brasileira do Beverly Hill Cop. Que, por cá, é Caça-Polícias. De nada.

33Giga: Sempre que vejo e ouço Bruno Aleixo, lembro de algumas coisas brasileiras (como o Falha de Cobertura, que ele já participou). Há quem compare e encontre referências como Gato Fedorento e até Monty Python. Esses paralelos fazem sentido?

João Moreira: Com o Gato Fedorento e o Monty Python não encontramos assim tantos pontos em comum, na medida em que eles funcionam bem mais numa dinâmica de sketch. Por outro lado, é precisamente com um produto brasileiro que encontramos um paralelo mais eficaz: o Choque de Cultura. Porque tem uma dinâmica com várias similitudes.

Tanto o Bruno como o Choque vive de personagens que não é suposto estarem a protagonizar aquele tipo de conteúdo. Personagens sem qualquer experiência, noção de timings ou sequer do modo como as pessoas se devem tratar em televisão ou rádio. Personagens cuja dinâmica vive de discutir e desconversar.

E no Choque há também um apresentador mal-humorado que destrata frequentemente os outros elementos dos programas. Somos fãs assumidos do Choque de Cultura e, a encontrar um paralelo que faça sentido, achamos que será mais por aí.

33Giga: Com esse filme, o Bruno finalmente vai conseguir ser imigrante em Coimbra?

João Moreira: Foi um sonho lindo que nasceu numa sala de aula de Coimbra em 1964. O Bruno tecnicamente ainda não conseguiu atingir esse sonho na sua plenitude, mas já conseguiu a parte mais importante: estar em Coimbra, usar a sua sanita e dormir na sua cama.

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