Ciência
Áudio no 2.0x? Veja malefícios do consumo de conteúdo acelerado
- Créditos/Foto:DepositPhotos
- 17/Setembro/2024
- Paquito Journey
Com a rotina corrida e o alto volume de informações diariamente, os aplicativos de mensagem e redes sociais oferecem recursos para acelerar o consumo de toda essa informação – como rolar o áudio em velocidade maior. Seja aula, trabalho, entrevista ou até uma declaração de amor, todas podem ser ouvidas em alta rotação para suposta otimização do tempo.
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A funcionalidade de acelerar áudio, no entanto, pode afetar diretamente a saúde mental e cognitiva. Carlos Manoel Rodrigues, professor de Psicologia do CEUB, explica os efeitos da utilização excessiva destes recursos tecnológicos.
A aceleração de conteúdos pode aumentar o mind wandering (divagação mental) e afetar a compreensão em algumas circunstâncias. O psicólogo detalha que, quando as informações são consumidas em velocidade acelerada, o cérebro é treinado para processar informações rapidamente, afetando a capacidade de concentração e atenção em tarefas que requerem um ritmo mais lento.
“Para adultos e crianças, esse hábito pode dificultar a habilidade de se concentrar em atividades que demandam um processamento mais detalhado ou reflexivo, já que o cérebro pode se acostumar a um ritmo mais acelerado de estímulos”, alerta.
A “irritação” sentida por quem recebe um áudio pode indicar um processo de urgência ou uma expectativa de ritmo acelerado criada pelo consumo frequente de conteúdos em alta velocidade. Estudos apontam que a antecipação de respostas rápidas em mensagens instantâneas pode aumentar a excitação fisiológica e gerar frustração ou impaciência.
“Essa reação pode ser ampliada quando estamos constantemente expostos a um ambiente de alta velocidade, criando uma sensação de urgência contínua e levando à irritabilidade quando as interações no mundo real ou digital não correspondem a essas expectativas aceleradas”, considera.
Evitando a fadiga mental
Para proteger a saúde mental diante do excesso de informações e da aceleração do conteúdo, o especialista recomenda limitar o tempo de exposição a conteúdos e criar intervalos regulares para desconectar e permitir que o cérebro descanse.
Segundo ele, o excesso de informações pode levar à sobrecarga social e fadiga mental, aumentando a intenção de trocar ou abandonar plataformas. “Práticas como a meditação e a atenção plena ajudam a treinar o foco e a reduzir a sensação de pressa ou ansiedade associada ao consumo rápido de informações.”
Fique atento aos sinais
O docente do CEUB considera sintomas como dificuldade constante de concentração, aumento da irritabilidade, ansiedade ao consumir conteúdos em velocidades normais e um sentimento de sobrecarga ou exaustão mental, indicativos de um problema subjacente que merece atenção.
Para o psicólogo, a pessoa deve buscar atendimento quando notar que o hábito de consumir conteúdos acelerados está impactando negativamente sua vida diária e bem-estar emocional.
“Psicólogos podem oferecer estratégias e técnicas para ajudar a regular o consumo de informações e melhorar a qualidade da saúde mental”, arremata.