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Anúncios patrocinados: até quando vão encarecer?

*Por Renan Cardarello // Uma coisa que muitos profissionais de mídia paga estão notando nos últimos anos é o constante aumento do custo dos anúncios patrocinados, seja Google Ads, seja Meta Ads, TikTok Ads, entre outros. Seguindo essa ideia, algumas dúvidas surgem quanto ao tema: quais os motivos do encarecimento e até quando vão continuar ficando mais caros?

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Por mais que não seja um recurso orgânico e gratuito, investir nos anúncios patrocinados pode trazer retornos significativos para as empresas, uma vez que permitem um maior alcance das publicações desenvolvidas de forma que a marca atinja um público mais abrangente e, ao mesmo tempo, segmentado conforme a persona desenhada nos serviços ou produtos ofertados. E, por esse motivo, mesmo com o crescente aumento nos preços, os investimentos continuam.

O problema, contudo, é que houve uma percepção nítida do aumento dos preços da área nos últimos anos, desencadeado, principalmente, pela pandemia. Com a disseminação, a nível global, da Covid-19 em 2020 e 2021, vários estabelecimentos tiveram que fechar suas portas. Em resposta a esse forte impacto no mercado físico, vimos, consequentemente, um impulso na utilização da internet pela população, a qual passou a participar diariamente, da vida de muitas pessoas que, até antes, não tinham contato ou interesse no espaço virtual.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), como prova disso, mostram que houve aumento de 71% para 83% no número de domicílios com acesso à internet entre 2019 e 2020, o correspondente a cerca de 61,8 milhões de casas conectadas. Neste cenário, como as lojas físicas não conseguiriam voltar a funcionar em pouco tempo, a grande ideia que muitos empreendedores tiveram foi a de começar a venda por meio da internet, meio em que as pessoas acabaram frequentando por longos horários.

Além disso, durante o tempo de isolamento social, muitos profissionais ficaram desempregados e tiveram a necessidade de buscar algo para poder se manter financeiramente, o que também desencadeou outro movimento de grande destaque neste período: os infoprodutos. Dentre um deles, a popularização do conteúdo da gestão de tráfego pago foi notável.

Tivemos, então, três bases para o evento que estamos analisando: os empregadores (de lojas que fecharam durante a pandemia), profissionais que tiveram seus trabalhos encerrados e, por último, a venda do conhecimento necessário para que as pessoas que se encontravam desempregadas iniciassem trabalhos simples na área – o que levou à uma superpopulação tanto de lojas online quanto de gestores de tráfego. O resultado? Várias lojas do mesmo segmento disputando, no sistema de leilão, as plataformas de anúncios pelas mesmas palavras-chave.

Em uma ideia paralela, como exemplo, quando se tem uma alta de demanda por um tipo de produto e o mercado apresenta uma falta de estoque, o que acontece? O preço aumenta. E foi isso o que aconteceu nos últimos anos. Houve a falta de público para todas essas lojas que não souberam nichar seus e-commerces.

Este movimento de preços crescentes foi fortemente acompanhado por todo o mercado ao redor do mundo, impactando, até mesmo, uma série de produtos alimentícios populares na mesa do brasileiro, como foi demonstrado em uma matéria pelo O Globo, “em janeiro e fevereiro, o custo da comida em casa subiu 2,95%, contra 1,25% do IPCA. El Niño afetou colheita. Feijão, arroz, batata e cenoura já têm alta superior a 10% em 2024”.

Relacionado à economia internacional, temos como exemplo os dados compartilhados na pesquisa UK inflation rate: How quickly are prices rising?, na qual foi constatado que, apesar de a inflação ter caído, significativamente, desde que atingiu 11,1% em outubro de 2022, que foi a taxa mais alta em 40 anos, não significa que os preços estão caindo – apenas que estão subindo menos rapidamente. Tudo isso indica que não só os preços de anúncios estão subindo, mas todo o custo está em uma curva crescente.

Nesse contexto geral, fica claro o motivo do aumento dos anúncios patrocinados, sendo eles, resumidamente: por conta do aumento geral dos preços de modo universal (até em países de primeiro mundo); pela superpopulação de anunciantes de mesmo nicho, sem pontos diferenciais; e pela desvalorização da moeda brasileira, que acaba por piorar a situação. Diante disso, a tendência dos preços de campanhas PCP e PPI (pagamento por clique e pagamento por impressão, respectivamente) é a de contínuo aumento de custos ou, pelo menos, essa é a visão compartilhada por parte dos profissionais da área de tráfego pago com anos de experiência no mercado.

*Renan Cardarello é CEO da iOBEE, assessoria de marketing digital e tecnologia