33Giga Tecnologia para pessoas

Dicas

Apple: o que está por trás do alto custo do iPhone 14?

  • Créditos/Foto:Divulgação/Apple
  • 19/Setembro/2022
  • Da Redação, com assessoria

No último dia 7 de setembro, a Apple seguiu sua tradição de lançamento anual e colocou no mercado novos modelos do iPhone. Dessa vez, os celulares da geração foram apresentados em quatro versões: 14, 14 Plus, 14 Pro e 14 Pro Max.

Por conta da cultura criada em torno das inovações que a Apple costuma trazer em cada ano, os eventos de lançamento tendem a ser acompanhados com atenção pelos consumidores e mídia especializada. Contudo, não são só as novidades que são vistas de perto, mas também o preço do aparelho, que não costuma ser baixo. Mas, afinal, o que está por trás do alto custo do iPhone 14 e o que pode influenciar sua variação?

De acordo com Tatiana Nogueira, economista da XP, os custos que integram o produto são mão de obra – que costuma ser terceirizada a empresas asiáticas em decorrência do custo menor –, semicondutores e outros componentes eletrônicos, além de insumos de sustentação, os impostos individuais de cada país, e a taxa de câmbio em relação ao dólar. Abaixo, a especialista comenta cada um dos tópicos que podem impactar no preço do smartphone da Apple.

Quer ficar por dentro do mundo da tecnologia e ainda baixar gratuitamente nosso e-book Manual de Segurança na Internet? Clique aqui e assine a newsletter do 33Giga

1. Câmbio

Desde 2007, o valor do real em relação ao dólar se deteriorou de forma significativa, com a cotação hoje oscilando entre R$ 5,00 e R$ 5,20 ante US$ 1,73 desde então (média entre setembro-setembro). Quando se considera o fato do iPhone ser totalmente importado e os insumos serem cotados em dólar, o câmbio tem muita relevância.

2. Preço de semicondutores

Parte relevante dos custos está nos semicondutores, dos quais os avanços tecnológicos estão diretamente relacionados às inovações ocorridas nos últimos anos. O cenário de escassez do produto e aumento de seus preços no período recente podem ser explicados por três fatores. São eles:

  • As políticas de lockdown em 2020 geraram crescente demanda de aparelhos eletrônicos para o home office. Sendo assim, a primeira pressão já vinha ocorrendo no lado dos consumidores;
  • Em 2021 houve o fechamento de fábricas no sul da Ásia pelos efeitos da variante delta da covid-19, e quando se considera o fato de que a produção é muito intensiva em mão de obra, os efeitos da crise sanitária foram significativos;
  • Alta concentração na produção, são apenas três firmas no mundo capazes de produzir os semicondutores mais sofisticados, com relativa expansão demorada.

Esse fatores provocaram um impacto elevado para a Apple: expansão de até 25% no gasto com matéria-prima. Analisando a série histórica, é possível observar que os preços vinham caindo consistentemente, mas a pandemia inverteu essa tendência e o nível de preços entre 2021 e 2022 alcançou o maior patamar em cinco anos.

3. Impostos

Por último, a carga tributária. Na hora de comparar o iPhone, além de pagar o custo de produção já convertidos em reais, serão cobrados também os impostos. Na tabela abaixo estão os impostos e as alíquotas que incidem no telefone. O IPI, imposto sobre produto industrializado, e o II, imposto sobre importação, são de competência federal e são 14,87%. Enquanto isso, o PIS/COFINS, de competência federal e destinado ao financiamento da seguridade social, é de 8,37%. Por fim, o ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – é estadual e varia entre cada um e cobra, em média, 17%.

E para quem decidir comprar no exterior, a economista da XP lembra que o comprador poderá ter que pagar a taxa alfandegária da Receita Federal (isenta em compras até US$ 1 mil). No cenário de importação, três aspectos são importantes:

  1. O IOF incide sobre operações de envio de recursos estrangeiros, compras internacionais, compra ou operações de moeda estrangeira, e outras operações de câmbio. Ou seja, dependendo da maneira pela qual o consumidor compre o iPhone, há uma diferença relevante no imposto incidente, em um intervalo entre 0,38% a 6,38%;
  2. A taxa alfandegária é de 50% no valor do produto (caso se ateste o uso pessoal, não exceda um produto por pessoa física e o volume de compras não seja maior que US$ 1 mil, é isenta);
  3. O imposto pago nos Estados Unidos varia de 4% a 10,25%.

Nesse cenário, os pontos a serem considerados em caso de compra no exterior são: taxa alfandegária, impostos do estado, IOF, câmbio, viagem e estadia.

Valores dos iPhone nas datas de lançamento

Na tabela abaixo levantada pela equipe de macroeconomia da XP, se observa tendência clara de queda no preço de semicondutores desde 2007 e com virtual estabilidade desde 2018. “De 2008, época em que o produto começou a ser comercializado no Brasil até hoje, o preço subiu 171%”, destaca Tatiana.

Como visto no gráfico, o câmbio foi muito instável durante esse tempo, sendo protagonista principalmente em 2020, quando variou quase R$ 1 acima do nível anterior e, aliado ao aumento de US$ 100 no preço tabelado, puxou variação de quase R$ 300 para o preço doméstico. “No mesmo sentido, a estabilidade no preço de venda oficial observada entre 2010 e 2016 não foi suficiente para evitar a variação positiva para o consumidor brasileiro, que teve o seu poder de compra em dólares deteriorado no período”, conclui Tatiana.

Leia mais:
iPhone 14: quantos dias preciso trabalhar para comprar um?
iPhone: veja a evolução do celular da Apple
Veja as 10 fotos mais bonitas tiradas com iPhone ao redor do mundo