Negócios
Mais inteligente: como a AI está aumentando o desempenho das empresas globais
- Créditos/Foto:GLAS-8 via Visual Hunt / CC BY-NC-ND
- 11/Maio/2017
- Da Redação, com assessoria
Artigo por Ananth Krishnan, CTO da Tata Consultancy Services
O mundo observou uma melhoria extraordinária na qualidade de vida nos últimos 200 anos. Durante a maior parte da história da humanidade, o ritmo do crescimento econômico foi lento. No entanto, no século XIX esse ritmo acelerou drasticamente, impulsionado, principalmente, pelas revoluções tecnológicas. Desde o motor a vapor, responsável por uma grande transformação na fabricação e nos transportes, até a comercialização da energia elétrica no século XX, que provocou profundas mudanças na sociedade ao oferecer iluminação e calefação, o ritmo do progresso do homem tem sido assombroso.
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Essas revoluções tecnológicas também trouxeram um crescimento econômico significativo. Durante o século XIX a economia global cresceu onze vezes. Mas isso não foi nada em comparação ao crescimento exponencial que aconteceu com o advento da informática e da internet. Entre 1970 e 1990, houve uma expansão de 37 vezes na economia mundial, atingindo o impressionante PIB de 75 trilhões de dólares, impulsionado em grande parte pela capacidade dos seres humanos de calcular e comunicar grandes quantidades de informações rapidamente.
Agora estamos presenciando o surgimento de uma força ainda mais poderosa, representada pela era digital e pela quarta revolução industrial. Isso é mais do que apenas uma tendência de tecnologia. Pelo contrário, ela se manifesta na interação entre as tecnologias: Inteligência Artificial (AI), Robótica, Mídia Social, Mobilidade, Computação, Nuvem, Análise de Big Data e a Internet das Coisas. Estimativas sugerem que, até 2050, serão 50 bilhões de dispositivos conectados à internet, criando uma era hiperconectada.
Seguindo tendências passadas, cada mudança tecnológica resulta no aumento das conexões entre as pessoas — e quando as pessoas se conectam, as economias crescem. Mas a mudança atual é muito mais significativa porque as conexões são estabelecidas entre as próprias máquinas, bem como entre seres humanos e máquinas. Tais conexões possibilitarão que a economia cresça a um ritmo ainda mais rápido, com uma estimativa de 150 a 170 trilhões de dólares em pouco mais de 30 anos.
O que é frequentemente conhecido como AI ou aprendizagem de máquina está no cerne de muitos desses avanços. Seu impacto transformador se tornou um assunto dominante em salas de reuniões em todo o mundo. Esse foi um tema importante na reunião do Fórum Econômico Mundial deste ano, por exemplo, com sólida presença na pauta dos líderes empresariais e políticos.
No entanto, embora exista um grande interesse nessa tecnologia emergente, não há um consenso claro sobre o que é a AI e o impacto que ela terá sobre o mundo. Nós da TCS encaramos isso não só como um sinal de cada vez mais consciência e empolgação, mas também como uma indicação da necessidade de mais informação e discussão. Afinal, a AI já está aqui, seja por meio do software de assistente pessoal – a Siri – da Apple, do Amazon Echo ou do call center da sua companhia de seguros, que rastreia automaticamente os dados do cliente a fim de melhorar cada experiência.
Investimos em um grande estudo com base nas opiniões de 835 líderes empresariais em todo o mundo para entender como as pessoas veem o impacto da AI em suas organizações. Embora o estudo seja extenso, existem quatro áreas que se destacam:
Em primeiro lugar, o estudo mostra que há uma clara correlação entre investimentos em AI e impacto nos negócios. Os principais investidores corporativos em AI gastaram cinco vezes mais do que os demais, o que resultou em um aumento de 16% ou mais na receita e uma redução de custos correspondente; enquanto aqueles que investiram em um ritmo mais lento obtiveram um modesto aumento de 5% na receita. O caso de negócios da AI fala por si.
Em segundo lugar, as empresas não veem a AI apenas como algo que seria aconselhável ter, mas como “essencial”, sendo que 84% dos entrevistados apontaram o papel protagonista da AI para gerar competitividade, e mais 50% viam a tecnologia como “transformadora”.
Em terceiro lugar, o impacto está se disseminando para além dos departamentos de TI. Apesar de 68% das empresas utilizarem a AI para funções de TI; até 2020, um total de 70% acredita que o maior impacto estará em outras áreas, incluindo Administração, Back Office, Vendas e Marketing. Finanças e Contabilidade também foram identificados como setores significativos para aplicações de AI, com 27% usando a tecnologia para negociações financeiras e problemas relativos a crédito do cliente.
E por fim, embora a visão global do impacto da AI seja unanimemente positiva, existem considerações importantes para se ter em mente. Sem falar nas percepções em torno do impacto sobre os empregos.
Nosso estudo constatou que esses receios podem ser exagerados. Apesar da tecnologia inevitavelmente levar à automação de determinadas funções, os líderes empresariais também estão confiantes de que acontecerá um movimento de ascensão para novos tipos de ocupações. Os dirigentes deram muito mais importância à adoção das tecnologias pelos funcionários, onde os novos sistemas seriam utilizados para impulsionar a capacidade de tomar decisões executivas e aproveitar a AI para identificar novas oportunidades de receita. O foco, ao que parece, não está em substituir os postos de trabalho existentes, mas trabalhar com os funcionários para extrair o máximo do novo conhecimento que as habilidades cognitivas da AI têm a oferecer.
Eu também acho que em meio à excitação em torno da AI é importante não esquecermos que ela constitui um aspecto de uma tendência mais ampla rumo à transformação digital. A AI é uma entre as muitas áreas da tecnologia que estão transformando os negócios — desde a Internet das Coisas até o big data e os aplicativos móveis. Trabalhando com organizações de todos os tamanhos, vemos cada vez mais uma necessidade de encontrar uma maneira de integrar essas partes móveis. E apesar de não haver uma solução fácil, tenho a convicção que boa parte da resposta está na criação de um núcleo digital que aproveite ao máximo os novos insights que as habilidades cognitivas da AI podem oferecer.
Isso inclui tudo: de sistemas prontos para um mundo digital até aplicações de última geração, e desde uma abordagem que prioriza a nuvem até uma sólida segurança. Trata-se igualmente de preparar o local de trabalho e assegurar que a organização conte com as pessoas certas e habilidades especializadas.
Somente com um núcleo digital fortalecido a organização pode realmente explorar os caminhos por onde inovações digitais como a AI conduzirão seus negócios. É aí que estamos vendo uma grande demanda – ajudando os clientes a erguer bases sólidas em torno do núcleo e buscando conselhos sobre como desenvolver e fazer as soluções digitais evoluírem (incluindo a AI) – para atender a seus desafios de negócios.
À medida que os tecnólogos ajudam as organizações a lidar com os desafios e oportunidades da transformação digital, tenho uma visão otimista quanto ao impacto positivo que tecnologias incipientes como a AI podem ter sobre as empresas e a sociedade. Nosso estudo mostra claramente que não estamos sozinhos na expectativa do impacto significativo que a AI terá. As empresas estão avaliando onde essa tecnologia terá a melhor aplicação, e isso não é uma tarefa fácil. O que está claro, porém, é que grandes investimentos estão sendo feitos e que praticamente nenhuma parte das operações de uma empresa permanecerá intocada.
Na TCS estamos empenhados em aproveitar o poder das tecnologias digitais para criar uma sociedade mais justa e inclusiva. Acreditamos fortemente que as tecnologias digitais existem como uma força vital e dinâmica para o bem. Isso significa que todos nós temos a responsabilidade de pensar sobre as oportunidades e encontrar soluções para os desafios. De minha parte, eu acredito que todos nós teremos grandes ganhos no futuro se abraçarmos esse novo paradigma da maneira certa.