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Entrevista: diretor brasileiro conta a experiência de criar o primeiro filme do mundo que une 3D e realidade virtual
- Créditos/Foto:Divulgação
- 04/Maio/2017
- Bianca Bellucci
O primeiro filme de ficção em realidade virtual em 3D do mundo já está em andamento. Ele está sendo dirigido por um cineasta brasileiro: Daniel Bydlowski roda a história em Los Angeles (EUA).
Batizada de NanoEden, a obra terá cerca de 65 minutos e contará a história de Peter e Harriet, um casal que tem suas memórias baixadas para um computador após sua morte. A expectativa é que o filme seja lançado no segundo semestre de 2017. Para saber mais sobre a produção e o futuro do cinema, o 33Giga conversou com Bydlowski. A seguir, confira o bate-papo na íntegra.
33Giga: O NanoEden pretende trazer um lado mais obscuro da tecnologia, como Black Mirror?
Daniel Bydlowski: Sim, o filme fala dos problemas da dependência e da fé humana na tecnologia. A reviravolta está no fato do casal começar a ter muitas de suas marcantes lembranças apagadas para que eles sejam felizes. É um processo que eles tentarão parar em vão.
33Giga: Onde os espectadores poderão assistir ao NanoEden?
DB: O filme poderá ser baixado gratuitamente e assistido em celulares. Também estamos estudando a possibilidade de distribuirmos em cinema tradicional.
33Giga: Como ele utiliza a realidade virtual, só poderá assistir ao filme quem tiver um óculos VR?
DB: Não. O NanoEden poderá ser assistido sem o uso de óculos VR. Isso porque o público poderá baixar o filme em seu próprio smartphone. Mas vale destacar que os óculos criam a efetiva imersão na realidade virtual.
33Giga: Quais foram as dificuldades na concepção do NanoEden?
DB: A parte mais difícil para desenvolver um longa de realidade virtual é que não existem padrões de produção. Quando um filme tradicional é desenvolvido, há pelo menos cem anos de pesquisa cinematográfica no qual certos modos de produção foram padronizados para que seja mais fácil replicá-los. Com a realidade virtual, muito ainda precisa ser inventado e descoberto.
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33Giga: A opinião sobre o cinema 3D divide opiniões. Existem os que amam e os que não curtem. Como você acredita que será a recepção do 3D na realidade virtual?
DB: Acredito que o 3D na realidade virtual será muito mais bem aceito do que no cinema tradicional. O cinema tradicional funciona como uma janela para outros lugares e o 3D, que faz com que objetos venham para perto do espectador, não tem um aspecto natural. Já a realidade virtual não é uma janela. É uma nova realidade para onde o espectador é transportado. O 3D, então, se torna um desenvolvimento natural que faz com que a realidade virtual chegue mais perto da realidade.
33Giga: Em uma entrevista recente, você disse que “o número de pessoas que vão ao cinema está se reduzindo dramaticamente e muitos estão contentes em ver filmes nas pequenas telas do computador e do celular”. Você acredita que a Netflix e os smartphones podem culminar na morte do cinema?
DB: Sempre que uma nova mídia é inventada, há aqueles que acreditem que as tradicionais serão afetadas de modo radical. Porém, não é o que ocorre na história. Quando a televisão foi inventada diziam que acabaria com o cinema. Mas ele continua aí. Porém, tanto a Netflix como o smartphone estão efetivamente entretendo um público que no passado ia ao cinema para tal diversão.
33Giga: O que os estúdios deveriam fazer para driblar essa falta de interesse pelo cinema?
DB: Para tentar ganhar da competição, os estúdios estão apostando em remakes e outros filmes que seguem certa fórmula. Isto pode dar certo, mas somente para um número limitado de títulos. É necessário apostar mais em conteúdo original para que o público sinta que poderá ter uma experiência única na tela grande.
33Giga: E a realidade virtual, onde se encaixa no futuro cinematográfico?
DB: Com um público que agora assiste filmes em seu celular, a imersão de um filme mais tradicional é perdida. A realidade virtual poderá dar a imersão perdida sem precisar que o espectador saia de sua casa.
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