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2 anos de 5G: como a tecnologia transformou a indústria brasileira

  • Créditos/Foto:DepositPhotos
  • 09/Agosto/2024
  • Bianca Bellucci, com assessoria

A implementação da internet 5G no Brasil completou dois anos em julho. Utilizada por 28 milhões de consumidores, a tecnologia possibilitou avanços significativos para diferentes setores do mercado. Somada à Internet das Coisas (IoT) e à Inteligência Artificial (IA), a ampliação da rede tem transformado a forma como empresas oferecem e vendem serviços.

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O 5G é a quinta geração da tecnologia de redes móveis, que trouxe progresso em velocidade, estabilidade e economia de bateria. Como comparativo, pode ser até 100 vezes mais veloz que a rede 4G. A inovação ganhou uma expansão paralela com a IoT, processo que conecta vários aparelhos entre si por meio da internet, de forma que atuem em conjunto.

O Brasil Terminal Portuário (BTP), localizado em Santos, é um dos beneficiados. Desde 2023, o monitoramento das entregas e a operação dos guindastes são feitos a partir de uma central de comando remota. Os equipamentos são guiados por sistemas de comunicação capazes de “conversar” entre si e que podem receber ajustes mesmo com a distância. Com o 5G, a capacidade de conexão da rede local saltou de 30 megabytes para 1 gigabyte.

“O 5G aliado à IoT representa um avanço significativo, oferecendo não apenas velocidades mais rápidas e menor latência, mas também possibilitando a conectividade massiva necessária para suportar um número crescente de dispositivos inteligentes interconectados. Isso não apenas impulsiona a eficiência operacional, mas também abre novas oportunidades para inovação em diversos setores industriais”, comenta Rogério Athayde, CTO da consultoria de tecnologia keeggo.

A indústria de telecomunicações, por sua vez, desenvolveu testes que estimulam a junção entre o 5G e a IA. Na última edição do Mobile World Congress, ocorrida em fevereiro, multinacionais divulgaram projetos que unem as duas inovações.

A Qualcomm, por exemplo, aposta nos recursos de IA em equipamentos de infraestrutura. Um dos projetos é a solução de acesso fixo sem fio 5G (o FWA, de Fixed Wireless Access), espécie de roteador para prover internet em residências. Hoje, a companhia vende as primeiras gerações do produto no Brasil em parceria com a Claro e a Vivo. O teste também é realizado em escolas.

“A conectividade ultrarrápida permite transferência de dados quase instantânea, fundamental para aplicações de IA em tempo real. A latência reduzida melhora a resposta de dispositivos inteligentes, enquanto a IA pode otimizar redes 5G para melhor eficiência e segurança. Essa sinergia promete revolucionar indústrias, desde manufatura até entretenimento, proporcionando novos serviços e experiências aos usuários”, salienta Athayde.

Juntas, as três inovações potencializam a formação de cidades inteligentes. O conceito remete a metrópoles comprometidas com o desenvolvimento urbano e a transformação digital sustentável nos aspectos econômico, ambiental e sociocultural. De acordo com a Nasdaq, o mercado internacional de cidades inteligentes deve crescer mais de 20% até 2025, chegando a US$ 2,51 trilhões (aproximadamente R$ 13,6 trilhões).

Diante de um mercado crescente, porém, o Brasil caminha a passos lentos. Embora o País tenha o quinto melhor desempenho em conectividade 5G no mundo, apenas 6% das empresas têm a rede na infraestrutura, conforme pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) espera que todos os municípios brasileiros sejam atendidos pela conectividade 5G até dezembro de 2029.

Para o CTO da keeggo, o cenário reflete uma série de desafios, desde questões como infraestrutura inadequada, altos custos de implementação e a necessidade de atualizações tecnológicas significativa. “Além disso, há preocupações com a segurança cibernética e a regulamentação, que também podem influenciar as decisões das empresas. Superar esses obstáculos exigirá investimentos robustos, políticas claras de apoio e parcerias estratégicas entre setores público e privado para garantir uma transição suave e eficaz para o 5G no Brasil”, pontua Athayde.