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Opinião: como combater revenda ilegal de ingressos digitais

*Por Paulo Damas // Com o avanço da tecnologia, muitas empresas que realizam compra e venda de ingressos para eventos se digitalizaram. Assim, tornou-se mais rápido e prático conseguir um bilhete para o show ou a peça de teatro. No entanto, é bastante comum que cambistas adquiram a entrada para o espetáculo e depois revendam com um preço muito mais alto, tirando a chance dos verdadeiros interessados de frequentarem. Para se ter uma ideia, em abril do ano passado, a “Lei Taylor Swift” foi aprovada pela Câmara dos Deputados com o objetivo de criminalizar essa prática que ganhou destaque ao redor do mundo nos últimos anos.

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Na ocasião, diversos criminosos foram detidos por comercializarem entradas para a “The Eras Tour”, turnê da artista norte-americana, a preços exorbitantes, chegando a cobrar até R$ 12 mil por um ingresso. Dessa forma, o projeto brasileiro, apresentado pelo deputado Pedro Aihara (Patriota-MG), é apenas uma das medidas para impedir que os infratores cometam o crime novamente, estando sujeitos a uma pena de um a dois anos de detenção, além de multa correspondente a 50 vezes o valor do ingresso em questão. Por mais que tenha sido aprovada durante a programação de shows da cantora no País, é válida para todos os tipos de evento.

Diversos países ao redor do mundo possuem leis anticambismos justamente para combater a prática de revenda ilegal de ingressos digitais, conhecida como Ticket Scalping. Apesar de ser recente no Brasil, algumas nações já têm regulamentações específicas há um bom tempo. Contudo, essas leis variam de abrangência e severidade, dependendo de cada legislação.

Nos Estados Unidos, por exemplo, alguns estados já proibiram essas atividades, exigindo licenciamento para revendedores de ingressos e impondo limites sobre os preços que podem ser cobrados. Já no Reino Unido, o governo implementou a Lei de Aplicações de Ingressos (Ticketing Touting Act), que restringe a venda para eventos que possuem uma margem de lucro significativa sem a permissão do organizador do espetáculo.

O golpe pode assumir diversas formas. Com isso, é dever do organizador reconhecer o risco e buscar formas de evitar que continue a acontecer. No entanto, tem se tornado essencial que o próprio consumidor saiba identificar e prestar atenção a certos detalhes durante a compra, uma vez que vendedores que solicitam pagamento por métodos não rastreáveis ​​ou se recusam a fornecer recibos podem estar tentando cometer um golpe. Não importa o quão bom esteja o preço, é sempre importante avaliar a plataforma antes de comprar.

Os fraudadores costumam se aproveitar de plataformas mal regulamentadas e pouco conhecidas, tornando ainda mais difícil a verificação de segurança. Isso deve ser um alerta, uma vez que sites confiáveis oferecem garantias de autenticidade e reembolso em caso de problemas, proporcionando uma camada adicional de segurança para os compradores. Implementar sistemas que garantam a autenticidade dos ingressos é crucial, tanto para quem compra, como para quem vende. Essas ferramentas vão desde hologramas, QR Codes exclusivos incluídos em crachás de eventos e sistemas de validação online que confirmam a legitimidade dos ingressos no ponto de venda.

Outras formas de impedir a revenda ilegal de ingressos digitais é fazer o uso de blockchains, que fornece um registro imutável e transparente de cada transação. Assim, é garantido que cada entrada seja única e rastreável, eliminando a possibilidade de duplicatas. Além disso, nomear os bilhetes não só dificulta a prática de revenda, como também permite que os organizadores do evento tenham um controle mais rigoroso sobre quem participa.

Grandes eventos, como o Coachella, utilizam pulseiras RFID que devem ser registradas e ativadas pelo comprador original. Dessa forma, o sistema possibilita que o festival controle o acesso e limite as oportunidades de revenda de ingressos, garantindo que apenas compradores autorizados possam comparecer. Isso faz com que seja quase impossível fraudar a entrada, além de trazer mais segurança para os consumidores e para os organizadores.

Para finalizar, concluo que a evolução da tecnologia facilitou a venda de ingressos, mas também abriu mais portas para que os golpes possam ocorrer. Assim, é importante munir-se de alternativas para evitá-los, tanto os vendedores quanto os compradores. Não basta apenas tomar cuidado, é preciso regulamentar todo esse mercado e proteger ambos os lados.

*Paulo Damas é CTO e sócio-fundador da Bilheteria Express, referência no mercado de ticketing digital

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