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Resumão da Semana: Ela chamou meu filho de raquítico

  • Créditos/Foto:Reprodução / PETECA
  • 06/Junho/2025
  • Sérgio Vinícius

(Ficou hermética, sorry.) 

Embora a coluna Resumão da Semana não tenha dia certo da semana para sair, recebi alguns xingos pelo hipotético atraso. De quebra e inclusive, ameaças de que a Gaviões da Fiel iria invadir a redação do 33Giga e me pegar de pau.

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Por isso, para me desculpar de antemão com os que sentiram ofendidos e acalmar os ânimos – e não sofrer retaliações pelo Neymar atraso hipotético – vou abri-la com uma bela imagem de tempos de outrora.

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Época em que revistas eram a bússola moral da sociedade e definiam os bons costumes enraizados em toda uma geração ilibada.

 

CAPA
Não deixe a Peteca cair

Agora, sim, vamos ao futebol.

Dia desses, precisei encontrar o telefone da dra*. Denilça, médica que me tratou há alguns anos. O asterisco está ali, em dra., porque não faço ideia se ela tem doutorado – aliás, pensando bem, tenho sérias dúvidas se é formada em medicina mesmo.

De qualquer forma, à época e até hoje, nunca fui tão bem mal tratado antes. Foi uma experiência única e, por isso, resolvi voltar. Mas, para tanto, tive que recorrer ao Google atrás de um mísero telefone e acabei chegando à avaliações dela por parte de pseudopacientes.

 

Ai ai, dra* Denilça
Ai ai, dra* Denilça

 

 

Ela é brincalhona, né?
Ela é brincalhona, né?

 

Feliz em ver que dra.* Denilça segue em grande forma, marquei logo uma consulta.

Como é possível perceber, uma horinha com ela equivale, basicamente, a assistir a um show particular do Léo Lins.

A diferença é que não se tem contato com piadas muito criminosas e a única coisa motivo de chacota ali é você mesmo. E, talvez, o cabelo da dra.*, que parece um poodle meio desmaiado e raquítico.

Mas ninguém se atreve a rir por motivos de não ter graça alguma alguém levar um cachorro todo troncho na cabeça. Ou tem? Qual seria o limite do humor?

 

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Daqui

 

E eu comecei falando tudo isso porque esta coluna é praticamente uma continuação da anterior, Decisões Ruins.

Não tão ridículas como todas que o Neymar vem tomando. Depois de tudo e além do mais, dos reacts com o Mickey, da expulsão e do gol de mão, ele anunciou uma pelada via YouTube com o Paulo Cintura Walter White de Diadema, o coach da cadeirada da montanha e um palhaço.

Quem faz o gerenciamento de carreira desse garoto benino rapaz príncipe ex-atleta senhor? O pai dele? Leo Lins? O pai do Leo Lins? Fica o questionamento.

 

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De qualquer forma, habemus mais decisões ruins. E pais tomando decisões ruins. Mas antes de tudo isso, um raro momento de lucidez nesta coluna. Ele vem diretamente de todos os envolvidos na imagem logo abaixo.

O fotógrafo, com tino jornalístico, talvez seja nosso próximo Sebastião Salgado sem usar PB. Cazalberto se revela em um momento íntimo que une conforto à morbidez.

Sua esposa, usando tons pastéis para não nos distrair do essencial, faz pose que garante torcicolo vindouro. Manchete da Locadora TV, controle remoto, celular, manchete da Locadora TV e sei lá o que é aquilo servem de alívio dramático e cômico, ali no limite do humor.

Fosse um quadro, óleo sobre tela, poderia chamar “Que porra é essa?”

Enviar um presente? Eu enviaria até mil – e uma ambulância do SUS ou rabecão ou ambos
Enviar um presente? Eu enviaria até mil – e uma ambulância do SUS ou rabecão ou ambos

 

 

Marcella vive falando que, muitas vezes, tem impressão de que trabalhamos em um hospício. Eu e – ui ui ui – Machado de Assis discordamos. Preferimos a expressão Casa de Orates. Já o resto do pessoal daqui usa o termo Charcot, por conta da lembrança afetiva do sanatório mal assombrado que havia na Anchieta.

De qualquer forma, talvez a conversa a seguir pareça amalucada, confusa ou xebréu. Mas foi um debate a respeito da coluna Decisões Ruins, devidamente travado no Slack da lojinha.

Aviso importante. Como são muitas pessoas falando ao mesmo tempo, pode dar vertigem. Como são muitas referências a São Bernardo do Campo, pode dar vontade de comer frango com polenta com móveis e automóveis.

Mas é importante notar que quem levantou a lebre foi Beatrix. Abre aspas.

 

– “Houve também a vez que ela foi dirigindo até o trabalho com o motor do carro pegando fogo e não percebeu.” Preciso dizer que já fiz isso.

 

– AH NÃO!

 

– Só não foi indo pro trabalho. Foi da avenida Paulista até a minha casa. Mó fumaça preta e eu pensando “nossa, esse carro do lado tá podre”.

 

– A desculpa da minha mãe é que o motor do Fusca fica na traseira. Aí, não dava para ver a fumaça.

 

– Eu vi! É que começou a sair fumaça já na avenida Caminho do Mar. E eu realmente achava que não era do meu carro (o saudoso HB20 <3). Aí, o cara que tava do meu lado no farol começou a me chamar. E mandou um “moça, seu carro tá saindo fumaça”.

 

– Na coluna anterior, eu falei que minha mãe tinha chegado ao trabalho (que era na rua Jurubatuba) para facilitar. Mas um motorista a avisou aqui no trevo do KM 18 mesmo e já desceu com o extintor.

 

– Gosto de pessoas pró-ativas.

 

– O meu não chegou a pegar fogo. Eu tinha batido o carro uns dias antes e ignorei porque parecia que tava tudo bem. Só que uma parte de plástico do motor tinha quebrado. Isso aí ficou raspando e foi derretendo enquanto eu rodava. A minha solução foi levar o carro pra garagem, subir (sem nem olhar o que tava acontecendo) e acionar meu pai.

 

– Acionar o pai é sempre a primeira alternativa. O seguro vem depois.

 

–  Você foi e voltou da Paulista com o carro em petição de miséria?

 

– Fui, mas eu não sabia! Tava tudo bem. Tanto que só começou a dar ruim na volta

 

– Em casa, a gente evitava acionar meu pai para qualquer coisa porque tinha certeza que ele ia mexer, mexer e piorar.

 

– Um clássico!

 

–  Meu vô usava martelo pra tudo.

 

–  Meu pai era só bagunceiro mesmo. Era a desculpa para tirar a camisa, soltar o barrigão, pegar a caixa de ferramentas e… fazer lambança,

 

– Quando o portão elétrico de casa enguiçava, a gente fazia de tudo para ele não perceber até vir o bom homem consertar. Se não, era estrago duas vezes.

 

– Como?

 

– Tipo, eu abria no manual disfarçadamente e minha irmã fazia barulho de motor com a boca, para meu pai não perceber.

 

– Meu pai fazia tudo isso aí. Mas, em geral, ele tentava arrumar as coisas sem qualquer tipo de estudo ou ferramenta, se via numa arapuca e começava a gritar nervoso pra alguém “trazer um martelo ou uma chave de fenda” enquanto tentava segurar, por exemplo, o carro levantado pela nuca.

 

– Arrumar a antena também era um evento em casa, com meu pai totalmente despreparado em cima do telhado gritando pra uma pessoa lá embaixo que gritava pra outra na sala algo do tipo: “e agora, tá bom?”. E sempre sem camisa.

 

– Para arrumar antena precisava de ferramenta? Meu pai sempre subia só ele e Deus. Sem camisa e descalço. A ferramenta é o pulmão, para gritar “tá bom?”.

 

– Não, antena era sem ferramenta, mas ele não precisa subir sem qualquer tipo de segurança. Ou descalço. Ou sem camisa. Ou sem avisar ninguém e só lá em cima achar que alguém tinha que saber o que ele estava fazendo.

 

– Aí, ele não descia até tudo ficar médio e a Manchete sumir de vez.

 

– Meu pai só começou a usar escada pós 80 anos. Antes era na base do trepada no muro.

 

– Mas o mais comum era ele tentar arrumar algo, piorar, se enroscar todo e, aí sim, começar a gritar loucamente pra alguém trazer uma ferramenta.

 

– Tinha o lance da agonia do meu pai, que deixava tudo mais caótico. Até chamar alguém para resolver algo e aparecer, tinha que esperar, sei lá, 24 horas. E meu pai vai aguentar esperar alguma coisa?

 

– Pô, mas aí realmente. Impossível esperar.

 

– Só 24 horas, Marcella. Não é muito.

 

– 5 minutos já acho muito. Você não sabe quanto valem cinco minutos

 

– O único defeito dessa música é não ter cinco minutos, aliás.

 

– Mas, se tivesse, a moça não iria ouvir inteira. Jorge gênio.

 

– E hoje ainda a gente tem o YouTube. Na época era no empirismo, mesmo.

 

– Do que estamos falando?

 

– Mas meu vô sempre sabia tudo. E ai de quem questionasse!

 

– Meu pai, acho, até assumia que não sabia o que estava fazendo. Mas ele sempre tentava. No primeiro minuto, com algum jeito. E no segundo, na brutalidade. Daí pro grito desesperado pra alguém trazer um alicate era rápido.

 

– Nada que uma martelada bem dada não resolva.

 

– Isso. E se arrebenta algo, a culpa é do material de hoje em dia. Tudo muito frágil.

 

– Por que não ter dois problemas já que você não consegue resolver o primeiro?

 

– Exato!

 

– A gente estava falando dos pais e agora me chamaram aqui pra mostrar que tenho que descongelar meu frigobar. Acabei de lembrar do dia que tentei fazer isso na agência com uma marreta. Era exatamente o tipo de coisa que meu pai faria, seguida da frase “Puta, que merda, hein”.

 

– Naquele dia você estragou a geladeira, não foi?

 

– Foi. Só faltou falar o “Mas que merda, hein?”.

 

 

Agora, antes dos destaques da semana, mais uma foto nível Sebastião Salgado, para evitar que a Gaviões da Fiel venha me pegar de pau. Toda a miséria humana corintiana em uma imagem.

 

SALGADO

Bora lá

 

E é isso. Perdeu o que veio antes? Tá na mão