Resumão da Semana
O resgate do soldado Rabo
Na vida, é difícil saber quem apresentou mais lixo para quem – se eu para meu primo, se ele para mim. Embora, depois dele ter chegado em casa falando sobre um tal de GG Allin quando eu tinha somente 12 anos, creio que o troféu é dele, ninguém tasca e não liguem mais, já temos um vencedor.
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O máximo que consegui chegar perto, em uma época que trabalhava em um sebo, foi contar as 54 melhores piadas de mineiro a ele, em uma tarde só, depois de passar o dia decorando tudo isso em um livro recém doado por um cara que ia casar e a mulher condicionou tudo a ele se livrar daquela porcaria.
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Mas o que é um punhado de trocadilhos com “que trem é esse?” contra um camarada que, já no caixão, foi homenageado com catarradas, cigarradas (acesas) e uma série de coisas que, à época, nem nome tinham (não era possível descrever a selvageria, somente sentir – no caso, náuseas, ranger de dentes e um Jota Quest ao fundo).
Hoje, damos o nome a tudo o que rolou de foderal. Normalmente, acompanha quatro casamentos e um poema escatológico.

De qualquer forma, nesse troca troca de imbecilidade, um de nós dois chegou ao site de fofoca O TV FOCO, indicou ao outro e nunca mais conseguimos sair de lá. É tipo um prazer mórbido, como as pessoas que reduzem a velocidade do carro ao passar por algum acidente gerado por outro alguém que reduziu a velocidade para ver outro acidente e assim por diante até gerar uma espécie de centopéia humana automobilística em que o último a bater tá levemente mais na merda que o anterior.
Mas, de volta à vaca fria, O TV FOCO faz um trabalho que eu admiro. Odeio click bait. Odeio manchetes mentirosas. Tenho completa aversão a “jornalistas” – como o Samir que esqueci o sobrenome no momento e não vou pesquisar mas parece a Mama Bruschetta e “trabalha” no UOL – que inventam qualquer coisa e saem por aí dizendo que “fontes informaram que” ou “pelo que apurei”. É picaretagem com irresponsabilidade e tudo mais.
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Nesse ponto, aliás, tenho lugar de fala. Já trabalhei em jornal que, quando atrasavam as informações da previsão do tempo do dia seguinte, eu dava uma leve inventada (era só olhar para o céu, pensar no que o Cacique Cobra Coral faria no meu lugar, e voltar para o computador para escrever). Também, irresponsavelmente, criei algumas cartas de leitores – mas considerando que eu mesmo lia o que estava escrevendo, eu era um leitor. A diferença é que eu também era quem respondia umas dúvidas ali que eram minhas mesmo.
Também conheço gente que inventou alguns horóscopos em grandes jornais porque o astrólogo demorou para mandar a coluna do dia seguinte. Aí, também, isento a pessoa de culpa – como é uma bobajada sem tamanho, tanto faz quem invente, se o repórter ou o astrólogo. Com a diferença de que o repórter pode errar com a camisa leve, já que ele mesmo tem certeza que não sabe o que tá fazendo.
(Assim como o astrólogo, claro. Mas, pelo menos, não tenta convencer ninguém do contrário. Só quer fechar o jornal e voltar para casa. Para voltar no dia seguinte, abrir o jornal e ver o que o horóscopo do dia lhe reserva – “fará o horóscopo de hoje de novo”.
O que acaba virando um ciclo contínuo do repórter fazendo o horóscopo por dias e dias até chegar ao fim da centopéia humana que virou sua vida. Mas, afinal, o que é o horóscopo e o que é a vida, se não um filme baseado em mais um dia na vida de um cientista maluco?)
O fato é que, voltando a O TV FOCO, genuinamente admiro o trabalho deles. Eles forçam a mão até serem processados? Sim. Eles anunciaram a morte de um apresentador (obscuro e mexicano) levando todos a acreditar que era outro (um brasileiro, da Art Attack) fazendo até os familiares se desesperarem? Sim. (Essa última carece de fontes, mas vou adotar a fake news porque me convém.)
Mas, mesmo assim, eles são mestres na arte do fazer. Fazer o quê? Cascata. Também são muito bons em escrever mal, com erros de português que fariam esta newsletter corar. Mas tudo é compensado no ponto forte: escrever manchetes verdadeiras, mas que levam o leitor ao engano e ao clique.
É difícil explicar sem exemplos.
Então, vamos a “Fim de dupla com Neymar? Vojvoda esnoba craque no Santos e jogador deve deixar a Vila Belmiro”. Daí, o incauto internauta clica e descobre que um obscuro zagueiro que está encostado no combalido Santos vai ser negociado.
Não cliquei nos textos abaixo, mas tenho certeza que o Neymar não veio para o Corinthians e que, mesmo assim, eles não mentem no conteúdo dos artigos (traem o português? Sim. Mas aí é outra história). Dessa vez, não consigo imaginar como retorcem a verdade até chegar a essas chamadas, mas é por isso que são mestres na arte do fazer.

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Prefiro O TV FOCO, aliás, ao site BASQUETE TODO DIA (do qual tenho dificuldade em sair, quando entro) porque a este último falta galhardia. Mentem na cara larga, e poucas vezes sai algo digno de O TV FOCO.
Atualmente se apegaram a chamar qualquer time de Verdão (seja de futebol ou de basquete e talvez nem verde seja), o que leva imediatamente o incauto leitor a achar que tudo se refere ao Palmeiras.
Por exemplo:
Verdão age nos bastidores e garante jogador prodígio do Real Madrid (aqui, o Verdão é o BOSTON CELTICS)
Confirmado: Goleiro Alisson vai vestir a camisa do Verdão (aqui, o Verdão é o LIVERPOOL mesmo)
Lionel Messi pode deixar o Inter Miami para vestir camisa do Verdão (Al Hilal, no caso)
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Mas de volta a O TV FOCO, ultimamente (acho eu, ou pelo menos só notei agora), eles iniciaram a editoria FERIADÃO. Nada mais é do que noticiar de forma explosiva e retumbante feriados – prolongados ou não. Às vezes, inexistentes, até – ao redor do País.
A fórmula é sempre muito parecida. “Confirmado: feriado prolongado em Minas Gerais semana que vem.” “Por essa ninguém esperava: feriado de 5 dias em São Paulo.”
Aí, a pessoa clica e são feriados MUNICIPAIS (muitas vezes facultativos) que se aplicam, claro, somente a moradores de determinada cidade – e isso se tiverem mesmo essa boiada. Essa página é uma maravilha das mais puras. Veja os exemplos abaixo.

As cidades em questão são São Gonçalo (RJ) e Rio Real (BA). Normalmente, lá pelo terceiro ou quarto parágrafos da cascata, eles avisam que tudo o que falaram até ali é quase mentira. E vem a bomba real (vou copiar e colar de lá; não me processe por plágio, TV FOCO. Meu crime é somente amar demais).
“Apesar do clima de euforia, a folga não chega para todos os residentes do Brasil e muito menos da Bahia, mas, apenas para um seleto grupo de pessoas. Afinal, estamos falando de uma paralisação municipal.”
Clima de euforia onde, meu Deus? Só se for na redação do TV FOCO com mais uma nota cheia de LOROTA.
E mesmo que o feriado não seja nacional e não passe perto de ser prolongado, eles sempre arrematam com um “Ademais, algumas empresas ou até mesmo o município, podem prolongar o feriadão ao folgar na segunda anterior, formando assim uma folga prolongada.”
Tipo: a quem quiser, basta faltar ao trabalho e terá seu próprio feriado particular. É tanta subversão da realidade que poderia ser mais um episódio do desenho Sansão e Golias, da Hanna & Barbera.
(Em tempo: eu nunca entendi porque diabos o cachorro vira um leão e não um lobo, um coiote ou, até, um lobisomem. E, aqui, nem como o Sansão desvia dos mísseis – lançados em um ambiente fechado por um vilão de alguma Guerra Mundial – dançando uma zumba. A parte do puxa-frango do Pica-Pau, que sai do tanque de guerra, é levemente mais factível).

Mas me alongo demais e é hora de lançar aqui os links da semana. Sem click bait, sem mentiras, sem bobajada (mentira, essa primeira, do ChatGPT – como 95% dos assuntos que remetem a ele – pode pular sem dó).
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Semana que vem tem mais. Fé em Deus, DJ!
