Negócios
O que define a vaga ideal? Na área de tecnologia, salário alto não basta
- Créditos/Foto:DepositPhotos
- 06/Outubro/2025
- Autor Convidado
*Por Verônica Coelho // Na contramão do mercado atual, o setor de tecnologia é amplamente reconhecido por salários acima da média, bônus competitivos e múltiplas possibilidades de crescimento. Essa realidade não é fruto do acaso: a falta de profissionais qualificados pressiona as empresas a disputar talentos oferecendo benefícios financeiros e planos de carreira que, à primeira vista, parecem irresistíveis. No entanto, o que realmente define a atratividade de uma oportunidade na área vai muito além do contracheque.
Não quer perder as últimas notícias de tecnologia? Siga o perfil do 33Giga no Instagram e no Bluesky
Segundo a Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom), o Brasil deve criar quase 800 mil postos de trabalho em cinco anos. Em contrapartida, o País forma pouco mais de 53 mil profissionais por ano. O descompasso deve resultar em um déficit de 532 mil vagas – cenário que se repete no mundo. Não à toa, de acordo com uma pesquisa da ManpowerGroup, 80% das empresas nacionais enfrentam dificuldade para contratar, posicionando o País na 11ª colocação no ranking global da escassez de talentos.
Diante desse quadro, seria natural supor que salários e bônus bastassem para seduzir candidatos. Mas não é o que percebemos na prática. Para que brilhe aos olhos de um profissional, a vaga ideal precisa considerar fatores bem mais amplos, como ambiente de trabalho, cultura organizacional, oportunidades de desenvolvimento e, sobretudo, reconhecimento.
Vaga ideal: o que os profissionais de tecnologia buscam em uma empresa?
O sentimento de pertencimento à cultura é decisivo além do momento de contratação, mas, principalmente, na permanência do colaborador no longo prazo. A adaptação a um estilo de atuação é fundamental para que ele se sinta integrado, reconhecido e valorizado. Embora companhias busquem acompanhar tendências de mercado, o que sustenta o engajamento de longo prazo é, na verdade, a vivência da cultura de quem as patrocina. Isso acontece quando os valores da empresa são refletidos nas atitudes cotidianas de líderes e equipes, orientando decisões, relações e formas de reconhecimento.
Outro diferencial relevante é a possibilidade de trabalhar com ferramentas de ponta e marcas protagonistas do mercado. A chance de construir um portfólio robusto, participando da criação de soluções aplicadas em grandes players, tende a pesar mais do que benefícios imediatos. Muitos profissionais da área valorizam experiências que ampliam sua visibilidade e agregam credibilidade à sua trajetória.
O desenvolvimento contínuo é mais um ponto central. Se tratando de uma tecnologia que evolui em ritmo acelerado, empresas que oferecem treinamentos constantes saem na frente ao proporcionar condições para que o profissional acompanhe as constantes transformações do setor. Dentro desse escopo, a gestão da produtividade precisa ser saudável: uma rotina que sufoca e consome todo o tempo do indivíduo inviabiliza até mesmo pequenas iniciativas de atualização, como uma leitura técnica ou um curso de aperfeiçoamento.
Ainda sob esse aspecto, a questão emocional também ganha destaque. A pressão por resultados e a competitividade do setor podem levar ao esgotamento, exigindo um modelo de liderança humanizada. Estabelecer papéis e responsabilidades claras, cuidar da saúde emocional dos colaboradores e reconhecer suas conquistas são práticas que abrem caminho para uma empresa verdadeiramente preocupada com o cuidado pessoal, tornando-a mais atrativa na visão do público.
Diante da escassez de talentos e do apetite das empresas em conquistar profissionais de tecnologia, o que pesa na escolha está muito além de remuneração e benefícios. É a combinação entre aspirações individuais e práticas corporativas que torna uma posição, de fato, desejada. Até porque, no final das contas, em um setor em que as oportunidades se multiplicam, a vaga ideal não é a que paga mais, mas a que faz o profissional enxergar um futuro dentro dela.
*Verônica Coelho é CPO da BRQ Digital Solutions, especializada em transformação digital e IA Generativa no Brasil
Quer ficar por dentro do mundo da tecnologia e ainda baixar gratuitamente nosso e-book Manual de Segurança na Internet? Clique aqui e assine a newsletter do 33Giga
