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Reflorestamento tropical por meio de drones: entenda como funciona

O uso de drones na agropecuária brasileira já é conhecido para monitoramento de rebanho e pastagens ou na pulverização da lavoura. Mas a MORFO traz ao Brasil uma função inovadora: a reconstrução de florestas nativas usando drones para reconhecimento do solo, semeadura das espécies e monitoramento da progressão da área restaurada.

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A técnica está em sendo aplicada em quatros projetos-piloto localizados no Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro e na Bahia.

Solução única

O modelo da MORFO é um processo de reflorestamento em várias etapas, com foco principalmente em regiões tropicais e subtropicais.

Primeiro, uma coleta de dados via drone e imagens de satélite é usada para analisar a biodiversidade e a área a ser reflorestada. As espécies apropriadas são selecionadas em um catálogo interno, estudadas e testadas em laboratório.

Então, as sementes são coletadas por comunidades locais para atender adequadamente às necessidades do ecossistema. “É importante ressaltar que as sementes não são apenas das árvores, mas de diversas espécies vegetais do bioma nativo, de maneira que a sucessão ecológica aconteça de forma natural, incluindo a atração da fauna”, explica Adrien Pages, co-fundador da MORFO.

Após a fase de análise e coleta, os drones dispersam as sementes já germinadas em cápsulas que contêm elementos biológicos e nutrientes necessários para o reflorestamento de longo prazo.

Por fim, a evolução das plantações é acompanhada de perto com o monitoramento de biomassa, biodiversidade e estoque de carbono fazendo uso de drones e imagens de satélite. A operação com duas pessoas e um único drone é capaz de cobrir até 50 hectares por dia, plantando 180 cápsulas por minuto, mesmo em terrenos íngremes e de difícil acesso.

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A técnica é 50 vezes mais rápida que uma solução tradicional de reflorestamento e não necessita de meses de cultivo em viveiro.

“A missão da MORFO é desenvolver um método mais rápido, mais barato, centrado na biodiversidade e que possa ser implantado em larga escala. Nosso objetivo é restaurar completamente os ecossistemas florestais nativos e diversificados, garantir sua longevidade e combater o aquecimento global”, diz Pascal Asselin, co-fundador da MORFO.

Investimentos em P&D

Para apoiar o crescimento, a MORFO irá reforçar as suas equipes de Pesquisa e Desenvolvimento com foco em Agritech, Machine Learning, Visão Computacional e Monitoramento Remoto. As equipes de Operações, Marketing e Vendas também devem ser ampliadas.

Os recrutamentos vão permitir à empresa atingir as próximas metas, incluindo a otimização de cápsulas, o estudo e teste em larga escala de 375 espécies até o final de 2024, o aprimoramento de drones, da ferramenta de análise e monitoramento e a implantação em larga escala de projetos de reflorestamento.

Outro ponto forte são as colaborações científicas com instituições conceituadas. Além da Embrapa e da UFSCar, a MORFO tem parceria com os principais laboratórios franceses, INRAE, IRD e CIRAD.

No curto prazo, seus objetivos comerciais estão focados em atores de compensação de carbono, de mineração, instituições públicas e governamentais. A MORFO já realizou um projeto no Gabão em colaboração com a Eramet, líder francesa na indústria mineradora, para restaurar os ecossistemas florestais pós-mineração.

“A abordagem inovadora da MORFO completa nosso painel de soluções de revegetação, permitindo uma intervenção rápida em áreas de difícil acesso, atendendo aos nossos requisitos de segurança, biodiversidade e monitoramento de qualidade ao longo do tempo” diz Frédéric Bart, Coordenador Ambiental do Grupo Eramet.

Investimentos

Fundada em 2021 por Adrien Pages, Hugo Asselin e Pascal Asselin, a MORFO anunciou a sua primeira rodada de financiamento de 4 milhões de euros, recurso que será usado no fortalecimento de equipes e no desenvolvimento dos programas de P&D.

“Desde o início vemos o Brasil como área estratégica, principalmente pelo potencial de recuperação da Mata Atlântica, e pretendemos ter 20% de nossa equipe baseada no país até o final de 2023”, diz Pascal Asselin, um dos co-fundadores.

A MORFO também estabeleceu parcerias científicas com a UFSCar em estudos em que tecnologias, conhecimentos e trabalho operacional serão compartilhados para a recuperação de uma área em São Paulo.

“A parceria com a MORFO permitirá a seleção e monitoramento de espécies com aptidão para semeadura direta, reduzindo custos de restauração em maior escala com o apoio de drones Paralelamente serão desenvolvidas técnicas de cobertura de sementes visando aumentar o aproveitamento e a eficiência da semeadura”, diz Fátima C.M. Piña-Rodrigues, professora da UFSCar.
Esta rodada de investimentos é liderada pelo Demeter, importante investidor Europeu dedicado à transição energética e ecológica, e pela RAISE Ventures, apoiadora de start-ups inovadoras de nível internacional.

O financiamento conta também com AFI Ventures (Ventech) e TeamPact Ventures (fundada pelo ex-jogador de rúgbi Benjamin Kayser e com a participação dos campeões olímpicos Nikola Karabatic e Antoine Brizard). Nicolas Béraud (fundador e CEO da BetClic), Jean-Gabriel Levon (cofundador e Chief Impact Officer da Ynsect), Caroline Lair (fundadora e CEO da The Good AI) e Graffi Rathamohan (fundador e CEO dos restaurantes PNY) completam a rodada atuando como investidores anjos.