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Memecoins: fenômeno ou bolha prestes a estourar?

*Por John Rhodel Bartholomé // Nos últimos anos, as criptomoedas revolucionaram o mercado financeiro e tecnológico. Enquanto projetos como Bitcoin e Ethereum conquistaram espaço devido a suas inovações e utilidades reais e outras redes, como Polkadot, têm se destacado ao oferecer soluções para interoperabilidade e escalabilidade no ecossistema blockchain, uma nova categoria de ativos digitais vem ganhando força: as memecoins. Mas será que elas são uma revolução legítima ou apenas uma moda passageira impulsionada pelo hype?

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O assunto é destaque no cenário político internacional, especialmente com as ações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que mudou sua postura inicialmente cética, ao lançar oficialmente sua própria memecoin, a $TRUMP, em janeiro de 2025. A iniciativa foi acompanhada pela promessa de transformar os EUA na “capital cripto do mundo”, incluindo a adição das cinco maiores criptomoedas ao balanço do Federal Reserve.

Entretanto, a mudança gerou preocupações sobre possíveis conflitos de interesse e riscos para investidores. Em menos de duas semanas, entidades ligadas à $TRUMP acumularam cerca de US$ 100 milhões em taxas de negociação, enquanto milhares de pequenos investidores enfrentaram perdas significativas. Além disso, a falta de regulamentação específica para memecoins levanta questões sobre a proteção dos investidores e a integridade do mercado financeiro. Esses acontecimentos ressaltam a necessidade de um equilíbrio entre inovação tecnológica e a implementação de políticas públicas que assegurem a transparência e a segurança no mercado de criptomoedas.

Recentemente, o presidente argentino Javier Milei se envolveu em um escândalo ao promover a memecoin $LIBRA nas redes sociais. Após sua divulgação, o valor da criptomoeda disparou, mas logo despencou, levando a acusações de “rug pull” (golpe financeiro no qual os criadores abandonam o projeto após inflar seu preço). O CEO da Kelsier Ventures, Hayden Mark Davis, afirmou que a promoção foi previamente acordada com assessores de Milei, levantando suspeitas de corrupção. O presidente negou envolvimento direto, mas enfrenta denúncias criminais e pedidos de impeachment. O caso, apelidado de “Cryptogate”, abalou sua credibilidade e complicou sua governabilidade.

Mas, voltando ao início da história para lá de atual, as memecoins nasceram da cultura da internet, muitas vezes sem pretensão de se tornarem investimentos sérios. Diferentemente de criptomoedas consolidadas, essas moedas digitais dependem menos de fundamentos técnicos e mais de viralização e especulação. Elas são o reflexo de um mundo cada vez mais conectado, no qual memes têm mais influência sobre mercados financeiros do que algumas decisões econômicas tradicionais.

A primeira memecoin a ganhar destaque foi a Dogecoin, criada como uma brincadeira, mas que rapidamente conquistou uma comunidade apaixonada. Outras, como Shiba Inu e Baby Doge, seguiram o mesmo caminho, explorando o engajamento digital para gerar valor. Mas será que essa lógica é sustentável?

O sucesso de uma memecoin depende diretamente do engajamento social. Influenciadores, celebridades e comunidades online têm o poder de impulsionar ou derrubar o valor desses ativos da noite para o dia. Isso cria oportunidades de lucros rápidos, mas também riscos imensos, tornando esses investimentos mais parecidos com apostas do que com aplicações financeiras estratégicas.

Enquanto alguns investidores enxergam as memecoins como uma forma de entretenimento e especulação, outros acreditam que elas podem ter papel legítimo no ecossistema cripto. Afinal, a força das comunidades sempre foi um dos pilares da descentralização financeira. No entanto, sem fundamentos técnicos sólidos, muitas dessas moedas acabam caindo no esquecimento após o fim do hype.

Memecoins: riscos evidentes

A grande questão é: vale a pena investir em memecoins? A resposta depende do perfil do investidor. Quem busca ganhos rápidos e está disposto a lidar com oscilações extremas pode se interessar por esse mercado. No entanto, quem procura investimentos de longo prazo e mais previsíveis deve ter cautela.

A volatilidade extrema e a possibilidade de golpes, como os famosos “rug pulls”, tornam as memecoins um território perigoso para investidores inexperientes. Muitas dessas moedas são criadas sem propósito real, apenas para atrair especuladores e gerar lucros para seus desenvolvedores. Dessa forma, um investidor desavisado pode perder tudo em questão de horas.

Embora alguns memecoins tentem se reinventar e agregar valor, a maioria ainda depende exclusivamente de especulação. Isso levanta um questionamento importante: até quando esse modelo será sustentável? Sem uma utilidade real, muitas dessas moedas correm o risco de desaparecer, deixando para trás apenas histórias de ganhos e perdas espetaculares.

Por outro lado, o fenômeno das memecoins também mostra como a internet tem poder de democratizar investimentos e criar tendências imprevisíveis. Talvez o verdadeiro valor dessas criptomoedas não esteja em sua tecnologia, mas na capacidade de engajar e mobilizar comunidades de forma nunca antes vista.

As memecoins são um reflexo da era digital, em que o entretenimento e as finanças se misturam de maneira inusitada. Se por um lado representam riscos elevados, por outro provam que o mercado de criptomoedas ainda está em plena evolução e aberto a inovações inesperadas. Cabe ao investidor decidir se está disposto a apostar nessa onda ou se prefere navegar em águas mais seguras.

*John Rhodel Bartholomé é fundador da Sunset Labs, empresa Business Development da Polkadot no Brasil e Paraguai

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