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Maquininhas de cartão: conheça a evolução desde modelos manuais até terminais inteligentes

  • Créditos/Foto:DepositPhotos
  • 23/Maio/2025
  • Da Redação, com assessoria

O que atualmente parece uma solução trivial – aproximar o cartão e finalizar o pagamento em segundos – tem uma história que começa muito antes da digitalização e passa por mudanças graduais e marcantes na forma como se consome, vende e registra transações.

As primeiras tentativas de substituir o dinheiro em espécie começaram no início da década de 1950, quando surgiram os primeiros cartões de crédito nos Estados Unidos pelo Diner’s Club, e que chegaram ao Brasil alguns anos mais tarde. Mas o registro dos pagamentos era ainda analógico: uma máquina manual de “cópia” do cartão de crédito associada ao estabelecimento comercial, que muitas vezes demandava pré-autorização da transação (via telefone) e que gerava a transação em papel carbono (três vias) com assinatura do dono do cartão de crédito.

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Foi apenas nos anos 1980 que a tecnologia deu um salto. O desenvolvimento dos primeiros terminais eletrônicos de pagamento (os famosos POS, ou Point of Sale) transformou a rotina do varejo. Essas máquinas permitiam a leitura magnética dos cartões e a validação da transação em tempo real. No Brasil, as primeiras começaram a chegar no final da década, mas foi nos anos 1990 que se tornaram mais comuns, impulsionadas pela estabilização econômica e pela popularização dos sistemas de pagamento globais.

Na virada dos anos 2000, o avanço da internet e a miniaturização dos dispositivos deram início à popularização das maquininhas portáteis – aquelas com conexão GPRS que transmitiam dados em 2G, depois 3G e em seguida via Wi-Fi, que passaram a funcionar de forma autônoma, sem a necessidade de telefone fixo ou linha dedicada. Essa evolução democratizou o acesso ao pagamento com cartão, chegando aos comércios menores, pequenos empreendedores, vendedores ambulantes e autônomos.

Em 1999, o Brasil tinha cerca de 270 mil terminais de pagamento por crédito e 250 mil para débito. Até 2005, esses números aumentaram para 1,28 milhão e 1,34 milhão, respectivamente, representando crescimento de 368% nas máquinas de crédito e 437% nas de débito, de acordo com o relatório “Mercado de Cartões de Pagamentos no Brasil”, da FGV e Sebrae. O que antes era considerado um luxo para grandes redes tornou-se acessível a qualquer comerciante.

“Hoje, a maquininha de cartão deixou de ser apenas uma ferramenta de pagamento e se transformou em uma plataforma de negócios, com serviços agregados, como relatórios de vendas, gestão de estoque e até antecipação de recebíveis. Equivale a ter um hub de gestão financeira. Mais do que processar pagamentos, concentra soluções que otimizam a operação, aumentam a produtividade e apoiam a tomada de decisão baseada em dados. É um reflexo claro da digitalização do comércio e da eficiência no relacionamento com os consumidores”, comenta José Barletta, diretor técnico da Ingenico, especializada em soluções de aceitação de pagamentos.

Tecnologia que lê o futuro

Um dos grandes marcos técnicos foi a transição da tarja magnética para sistemas embarcados mais complexos. A tarja, embora revolucionária nos anos 1980, funcionava de forma bastante simples: armazenava dados do cartão em trilhas magnéticas sensíveis, semelhantes às de uma fita cassete, que podiam ser lidas ao deslizar o cartão por um sensor eletromagnético. Essa solução permitia a automação de dados, mas era vulnerável a clonagens e exigia constante validação online.

Com o passar dos anos, a segurança tornou-se prioridade, e o chip com tecnologia EMV (Europay, Mastercard e Visa) passou a ser adotado em larga escala a partir dos anos 2000. Diferentemente da tarja, o chip realiza autenticações dinâmicas a cada transação, gerando códigos únicos que impedem a reutilização das informações, o que representou uma revolução em termos de proteção de dados. Paralelamente, os terminais começaram a operar com sistemas operacionais embarcados, como o Linux e, mais recentemente, o Android, abrindo espaço para interfaces mais intuitivas e integração com softwares de gestão, aplicativos e recursos de conectividade em nuvem.

Mais recentemente, os avanços incorporaram conceitos vistos apenas em ficção científica. A autenticação por padrões vasculares da palma da mão (palm vein), por exemplo, são baseadas em sensores infravermelhos que identificam traçados únicos sob a pele, invisíveis a olho nu. Essa tecnologia, utilizada inicialmente em ambientes bancários e aeroportos, chegou aos terminais de pagamento como uma solução sem contato, altamente segura e à prova de fraudes por falsificação ou compartilhamento de dados.

De olho no futuro

Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), os pagamentos por aproximação cresceram de forma expressiva em 2024 e já representam 67,2% das transações presenciais realizadas com cartão no Brasil. No total, esse tipo de operação movimentou R$ 1,1 trilhão no primeiro trimestre de 2025, um avanço de 9,3% em comparação a 2023. O dado reforça como as maquininhas deixaram de ser apenas dispositivos de cobrança para se tornar plataformas digitais de negócios, integradas à nova dinâmica do varejo moderno.

“Nos últimos dez anos, os terminais ganharam recursos como biometria, QR Code e aproximação via NFC, permitindo pagamentos por smartphones, smartwatches e carteiras digitais. A Ingenico, por exemplo, lançou um terminal all-in-one com Android embarcado com autenticação por leitura das veias da palma da mão. As inovações avaliam as mudanças de comportamento do consumidor e as exigências operacionais do varejo”, finaliza Barletta.

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