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Fungos no ar-condicionado: conheça riscos da má climatização

  • Créditos/Foto:DepositPhotos
  • 13/Junho/2025
  • Da Redação, com assessoria

A descoberta de cogumelos crescendo dentro do ar-condicionado do escritório de Maíra Cardi expôs um problema que pode estar mais próximo da rotina de empresas e residências do que se imagina. A influencer, inclusive, relatou que parte da equipe já apresentava sintomas como dificuldade para respirar e falar. A causa está atrelada a falta de manutenção adequada no sistema de climatização, que mesmo novo e pouco utilizado, estava interligado a outras nove unidades e operava continuamente sem limpeza prévia.

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Segundo Patrick Galletti, engenheiro mecatrônico, especialista em climatização e CEO do Grupo RETEC, a presença de fungos e bactérias em aparelhos de ar-condicionado é mais comum do que se imagina e pode ser evitada com cuidados simples e periódicos. “A combinação entre umidade, poeira acumulada e temperatura constante cria o ambiente ideal para o crescimento de microrganismos. Sem manutenção, o sistema acaba se tornando um vetor de contaminação”, explica.

Nesse tipo de ambiente, o surgimento de cogumelos ocorre quando há acúmulo excessivo de umidade em regiões internas do aparelho, como nas bandejas de drenagem e nas serpentinas, aliado à presença de matéria orgânica – poeira, esporos, fibras e outras micro partículas suspensas no ar.

Em sistemas que permanecem ligados constantemente, mas sem ventilação adequada ou drenagem eficiente, essa combinação cria um ecossistema propício ao desenvolvimento de fungos filamentosos, que, em estágios mais avançados, formam estruturas visíveis como cogumelos. “É raro, mas possível. Quando isso acontece, é sinal de que o nível de contaminação está extremamente elevado”, alerta Galletti.

Periodicidade da limpeza

Segundo o especialista, o ideal é que os filtros de ar-condicionado em residências sejam limpos ao menos uma vez por mês, especialmente em regiões com maior concentração de poeira ou poluição. Já nos ambientes corporativos, a recomendação é que a limpeza completa dos equipamentos e dutos seja realizada a cada três meses, incluindo a higienização de filtros, serpentinas, bandejas de condensado e a verificação do sistema de drenagem. “Em ambientes com grande circulação de pessoas, como escritórios e clínicas, essa periodicidade pode ser reduzida para intervalos mensais, dependendo do uso”, afirma Galletti.

Além da manutenção preventiva, a tecnologia tem sido aliada no controle da qualidade do ar. Sistemas com sensores de CO₂ e umidade, além de filtros HEPA e ionizadores, já são adotados em projetos de climatização mais modernos. “Os sensores identificam alterações nos níveis de poluentes e umidade no ambiente e ativam automaticamente o sistema de ventilação ou purificação, impedindo a formação de colônias de fungos”, explica o engenheiro.

Escritórios com sistemas compartilhados

No caso de escritórios localizados em prédios com sistemas centrais interligados – como o de Maíra Cardi –, Galletti alerta que a responsabilidade sobre a qualidade do ar deve ser compartilhada entre os condôminos e a administração do edifício. “Se um equipamento está contaminado, ele pode comprometer os demais ambientes conectados. Por isso, além da limpeza individual, é fundamental que haja um plano de manutenção regular no sistema central do prédio, conforme prevê a Lei 13.589/2018”, complementa.

A negligência pode resultar não apenas em desconforto, mas em riscos reais à saúde, como alergias, crises respiratórias e infecções. “Identificar mofo ou odor forte vindo do ar-condicionado é sinal claro de que há contaminação. Nesses casos, o sistema deve ser desligado imediatamente e uma inspeção técnica deve ser feita para evitar a exposição contínua aos ocupantes”, afirma.

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