Ciência
Disfagia: casos de engasgo fatal crescem e acendem alerta
- Créditos/Foto:DepositPhotos
- 03/Novembro/2025
- Da Redação, com assessoria
Em 2023, mais de 2 mil brasileiros morreram após episódios de engasgo – e mais da metade das vítimas tinha mais de 65 anos. No mesmo ano, 319 crianças de 0 a 4 anos perderam a vida pelo mesmo motivo. Os dados são do Ministério da Saúde e revelam um cenário preocupante: muitas dessas mortes poderiam ter sido evitadas com prevenção e diagnóstico adequado da disfagia. A condição ainda pouco conhecida afeta a capacidade de engolir corretamente.
“A disfagia é um distúrbio muitas vezes subdiagnosticado, mas que pode ter consequências gravíssimas”, alerta Luciana Costa, especialista em disfagia do Hospital Paulista. “Muitas pessoas não sabem que ela aumenta muito o risco de engasgo – algo que, principalmente entre idosos e crianças pequenas, pode ser fatal em poucos minutos.”
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Engolir exige mais do corpo do que parece
Engolir não é tão simples quanto parece: envolve mais de 50 músculos, nervos e mecanismos coordenados. Quando algo falha nesse processo, partículas de comida ou líquido podem desviar para as vias respiratórias, provocando tosse, engasgos e, em casos extremos, obstrução total e morte por asfixia.
“É um risco que muitas vezes passa despercebido no dia a dia”, explica a médica. “Principalmente em ambientes familiares, onde há menos vigilância e conhecimento sobre os sinais de alerta.”
Quem está mais vulnerável
A disfagia pode surgir como consequência de envelhecimento, mas também é comum após derrame cerebral (AVC), doenças neurológicas como Parkinson e Alzheimer, câncer de cabeça e pescoço, além de sequelas pós-intubação – o que se tornou mais frequente após a pandemia. Crianças pequenas também fazem parte do grupo de risco, por ainda não terem o reflexo da deglutição plenamente desenvolvido.
Prevenção é chave – e começa no prato
A boa notícia é que boa parte dos casos pode ser evitada com medidas simples. “Adaptações como mudar a consistência dos alimentos, respeitar o ritmo da alimentação e manter supervisão constante são fundamentais para reduzir os riscos”, orienta Luciana.
Ela ainda alerta para sinais importantes que indicam possível disfagia: tosse frequente durante as refeições, sensação de alimento parado na garganta, perda de peso sem causa aparente, voz “molhada” após beber líquidos e pneumonias de repetição.
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Dicas para reduzir o risco:
- Sirva alimentos com a consistência adequada, especialmente para idosos e crianças;
- Supervisione todas as refeições de pessoas em risco;
- Evite que a pessoa fale ou ria durante a alimentação;
- Mantenha a postura ereta durante e após as refeições;
- Evite oferecer alimentos sólidos ou duros a crianças pequenas sem supervisão.
Sinais de alerta da disfagia:
- Tosse ou engasgo ao comer ou beber;
- Mudança na voz após a alimentação;
- Sensação de alimento preso na garganta;
- Pneumonias recorrentes;
- Perda de peso inexplicada.
E se o pior acontecer?
Saber agir é essencial. “Todo adulto deveria conhecer a manobra de Heimlich. Pode salvar vidas até a chegada do SAMU”, afirma a especialista.
